Nas redes de farmácia do País, conveniência é o maior fator de atração dos clientes
Altamente competitivo, pulverizado e vivendo uma fase intensa de consolidação, o setor de farmácias vem procurando se reinventar. E para isso começa a oferecer outros serviços e desenvolver novas tecnologias com objetivo de levar mais conveniência aos clientes.
Segundo informações da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a recuperação do segmento indica uma retomada do consumo pela classe média, que estava estagnado nos últimos anos por causa da crise. Conforme a entidade, que agrega 25 redes, o varejo farmacêutico nacional faturou R$ 39,2 bilhões nos três trimestres do ano, o que representa alta de 10,47% ante igual período de 2018. O movimento foi estimulado principalmente pela venda dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e pelos chamados não medicamentos, como itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPC).
Segundo a gerente de Marketing da Ultrafarma, Erika Petrow, “a expectativa para 2020 é de melhora, especialmente com a venda de marcas próprias. Além disso, o consumidor está focado mais na prevenção do que no consumo de medicamentos e nossa marca de produtos veganos deve ter destaque neste cenário”, explica a executiva da empresa líder do ranking na categoria.
“a expectativa para 2020 é de melhora, especialmente com a venda de marcas próprias. Além disso, o consumidor está focado mais na prevenção do que no consumo de medicamentos e nossa marca de produtos veganos deve ter destaque neste cenário”
Erika Petrow, gerente de Marketing da Ultrafarma
No ano que vem, a Ultrafarma completa 20 anos de atuação e terá muitas novidades. Entre elas, o lançamento da Ultra Popular, bandeira de licenciamento da marca que vai permitir à empresa chegar a cidades de menor porte. As vendas por telefone também vão dar mais lugar aos aplicativos, atendendo às mudanças de hábitos da sociedade.
De acordo com o vice-presidente administrativo, financeiro e RI das Farmácias Pague Menos, Luiz Renato Novais, os números mostram que o varejo farmacêutico continua crescendo de forma robusta. E a empresa continuará inaugurando lojas, porém em ritmo menor do que o observado nos anos anteriores, porque está investindo mais nos canais digitais (e-commerce e aplicativos).
“Os nossos principais investimentos serão em tecnologia e canais digitais, em logística, em reformas e aberturas de lojas”, afirma Novais, acrescentando que os canais digitais estão crescendo muito mais do que as vendas das lojas físicas. “A participação no faturamento ainda é pequena, mas está ganhando relevância.”
Para o executivo, o próximo ano será melhor do que 2019. “O varejo é muito dependente de melhorias nos indicadores de confiança e de desemprego, que começaram a mostrar sinais positivos, mas ainda tímidos.”
Com um cenário extremamente pulverizado, o Brasil tem hoje 76 mil farmácias. Apenas 9% delas respondem por 45% do faturamento, ou seja, quase metade dos R$ 62,4 bilhões que o setor movimentou no ano passado está nas mãos de poucas redes, conforme dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).
O segmento passa por uma consolidação tumultuada. A maior rede é a Raia Drogasil (RD), com quase 1,5 mil lojas, seguida pelo Grupo DPSP, fruto da fusão da Drogarias Pacheco e da Drogaria São Paulo, com 1,35 mil lojas.
Fundada em 2009 pelo BTG Pactual e vendida, em 2017, para o fundo Lyon Capital por R$ 1 mil, a Brasil Pharma, outra rede, chegou a ter 1,2 mil estabelecimentos com bandeiras como Farmais, Mais Econômica e Big Ben. Mas em junho deste ano entrou em falência.
Até a americana CVS Health, uma das maiores do mundo, tentou abocanhar um pedaço desse bolo e, em 2013, adquiriu 50 unidades da rede Onofre. No entanto, após uma série de problemas, a CVS vendeu, em fevereiro deste ano, a operação para a RD e deixou o Brasil.