Reportagem

Consumidores valorizam ações ambientais e sociais

Além de contribuir para a reputação positiva da empresa, pauta ESG é estratégica também na redução de riscos

Consumidores valorizam ações ambientais e sociais

É cada vez maior a proporção de consumidores que afirmam dar preferência a marcas que demonstram compromisso com causas ambientais e sociais. Um estudo global da NielsenIQ revelou que 73% dos consumidores estão dispostos a adaptar hábitos para minimizar o impacto ambiental que produzem.

Além da perspectiva de vender mais, no entanto, há outro atrativo para que as empresas desenvolvam práticas sustentáveis: a prevenção de riscos. Esse ponto é crucial diante da projeção de que os riscos ambientais e sociais são os mais prováveis e com maior impacto potencial à economia global nos próximos anos, ao lado dos tecnológicos, de acordo com o relatório Global Risks Report 2025, do Fórum Econômico Mundial.

“Ver a pauta ESG também como estratégia de gestão de risco é fundamental para ampliar a visão das empresas, que deixam de considerar a sustentabilidade apenas no contexto reputacional e passam a tratá-la como parte central da resiliência e continuidade do negócio em um mundo de mudanças rápidas e pressão constante da sociedade”, avalia Joanes Ribas, diretora de Sustentabilidade da Vivo. A empresa lançou neste ano o projeto Floresta Futuro Vivo, que prevê a regeneração e a proteção de cerca de 800 hectares na Amazônia, entre o oeste do Maranhão e o leste do Pará, ao longo das próximas três décadas. Isso inclui o plantio, a restauração e a conservação de mais de 900 mil árvores, de 30 espécies nativas, em uma das regiões mais desmatadas da Amazônia.

Os investimentos em proteção e regeneração da floresta compensam as emissões que ainda não podem ser evitadas pela companhia. Nos últimos oito anos, a Vivo reduziu em 90% as emissões próprias de gases de efeito estufa, utilizando energia elétrica 100% renovável, biocombustível na frota e implementando ações de maior eficiência operacional. “Nosso objetivo é alcançar o net zero até 2035, cinco anos antes do previsto”, revela a diretora de Sustentabilidade.

Além de pautar o planejamento e as ações das grandes corporações, as demandas de sustentabilidade estão sendo rapidamente disseminadas para empresas de todos os portes e segmentos. A Engie Brasil percebe claramente esse fenômeno, especialmente após a abertura do mercado livre de energia, em janeiro de 2024, para a entrada dos clientes de média e alta tensão. “Observamos que cada vez mais clientes estão dispostos a investir em produtos que agregam valor socioambiental aos seus negócios”, avalia a diretora de Sustentabilidade da empresa, Thais Soares.

Como reflexo direto desse movimento, o portfólio de produtos verdes da Engie Brasil apresentou crescimento expressivo: no último ano, a empresa comercializou 12,5 mil GWh com a emissão de Certificados Internacionais de Energia Renovável (I-RECs), além de ter negociado 74,7 mil créditos de carbono para companhias que buscam compensar suas emissões.

“Ver a pauta ESG também como estratégia de gestão de risco é fundamental para ampliar a visão das empresas, que deixam de considerar a sustentabilidade apenas no contexto reputacional e passam a tratá-la como parte central da resiliência e continuidade do negócio em um mundo de mudanças rápidas e pressão constante da sociedade”
Joanes Ribas, diretora de Sustentabilidade da Vivo

Mudança de comportamento

A Toyota também percebe uma mudança clara no comportamento do consumidor, cada vez mais propenso a considerar a sustentabilidade na decisão de compra. Além de continuar apostando em uma tecnologia já muito conhecida dos brasileiros, os motores flex com etanol, a montadora segue em busca de maior sustentabilidade nos veículos elétricos. Para isso, desenvolveu o programa Battery 3R, focado na reutilização, reconstrução e reciclagem de baterias de veículos eletrificados.

Para aproveitar o potencial brasileiro em biocombustíveis, a Toyota desenvolveu um protótipo movido a biometano, produzido a partir da biomassa da cana-de-açúcar. Quando se trata do olhar para o futuro, o destaque é o desenvolvimento da Woven City, no Japão, protótipo de cidade que está sendo construído para servir como “laboratório vivo” onde serão testadas e validadas novas tecnologias de mobilidade, sustentabilidade e vida conectada. “A Woven City tem como meta ser totalmente neutra em carbono, servindo como referência para uma sociedade baseada em hidrogênio”, comenta Roberto Braun, diretor de Comunicação da montadora.

Muitas vezes, a própria atuação da empresa já é, por si só, seu maior projeto socioambiental. É o caso da Sabesp em relação à meta de universalização do saneamento. A companhia pretende levar água tratada, coleta e tratamento de esgoto a todas as áreas vulneráveis da região metropolitana de São Paulo e da Baixada Santista até 2029, antecipando em seis anos o prazo previsto em lei.

O Projeto Novo Rio Pinheiros é um símbolo do que a universalização é capaz de gerar. De acordo com estudo do Instituto Trata Brasil, a despoluição do rio já resultou em um aumento de 35% no valor dos imóveis da região, crescimento de 17% na arrecadação de impostos municipais e redução de 83% nas internações por doenças de veiculação hídrica. “A sustentabilidade é vista pela Sabesp como uma decisão técnica e econômica, fundamentada em contrato, regulação e evidência, com potencial de gerar valor para a sociedade e garantir a longevidade da companhia”, diz Samanta Souza, diretora executiva de Relações Institucionais e Sustentabilidade.

Foto: Getty Images

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