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O caminho das Milhas

Encontrar passagens aéreas mais baratas é o sonho de consumo de todo viajante

Fazer aquela viagem mais longa de avião no fim do ano é uma vontade de muitas pessoas. Mas, com as passagens cada vez mais caras, está difícil realizar o desejo. Viajar de avião estava cerca de 40% mais caro no final de 2022 em relação aos 12 meses anteriores. “Somente neste primeiro trimestre de 2023, o querosene de aviação, que corresponde a um terço dos gastos das companhias, sofreu um reajuste de 17%. E ainda há as despesas com folha de pagamento, manutenção e seguros das aeronaves”, diz Adalberto Mohai, especialista em gestão e manejo ambiental e professor de Gestão de Negócios e Aviação Civil na Universidade São Judas. No momento não há previsão de as passagens baixarem de preço, a não ser em casos específicos, caso funcione o plano do governo federal de oferecer passagens a R$ 200 para estudantes, aposentados e funcionários públicos com salários de até R$ 6.800.

Enquanto as passagens não baixam de preço, uma maneira de viajar de forma mais barata é tentar a sempre árdua tarefa de acumular milhas. Existem, principalmente, três maneiras de acumular pontos que podem virar descontos: viajando de avião, usando o cartão de crédito e fazendo compras em sites e plataformas de empresas parceiras dos programas que juntam pontos. A chave é entender como os sistemas funcionam e conhecer o segredo dos especialistas para os pontos renderem mais.

Segundo Rodrigo Góes, especialista em educação financeira em milhas, o primeiro passo é se cadastrar nos programas de fidelidade das principais companhias aéreas nacionais: Tudo Azul, da Azul, Smiles, da Gol e Latam Pass, da Latam. Assim, o cliente ganha milhas a cada voo realizado. A não ser que o cliente voe frequentemente, essa não é a maneira mais fácil de acumular milhas. Mesmo assim é válido fazer o cadastro, uma vez que o passageiro vai precisar dele para transferir seus pontos de outros programas para comprar sua passagem com as milhas acumuladas.

“É um mercado que muda muito rápido, avalio de forma recorrente quais são os melhores cartões do mercado.”

– Lucas Nascimento, viajante profissional e apresentador do programa Check-In

O segundo passo é usar um cartão de crédito que acumule pontos. Nessa etapa é preciso deixar a preguiça de lado e fazer uma ampla pesquisa para encontrar um cartão que se encaixe nas necessidades e no estilo de vida do cliente. Alguns não cobram anuidade, dependendo de quanto o cliente gasta por mês. Outros cobram, e aí é preciso calcular se o gasto vai compensar de acordo com os benefícios. “É um mercado que muda muito rápido, avalio de forma recorrente quais são os melhores cartões do mercado”, diz Lucas Nascimento, viajante profissional e apresentador do programa Check-In, que estreia no segundo semestre no Travel Box Channel. Lucas usa o cartão para absolutamente todas as despesas, das compras do dia a dia ao pagamento mensal das contas básicas, como água, luz, e telefone. “Mas isso requer uma organização financeira para que eu não fique endividado”, diz.

Monitorando promoções de milhas, Lucas já conseguiu pechinchas como um voo entre São Paulo e Rio de Janeiro por três mil milhas ida e volta (um voo nacional pode valer, hoje, de 6 mil até 50 mil milhas cada trecho) e para a Europa por 60 mil milhas, em classe econômica, e por 90 mil milhas em classe executiva. Um voo para a América Latina vale, hoje, a partir de 35 mil milhas e, para a Europa, a partir de 100 mil, por trecho (lembrando que esses valores oscilam muito conforme companhia, época do ano e promoções).

Além disso, cada programa de fidelidade das companhias aéreas tem seus próprios cartões, que variam conforme a renda e gastos do cliente. Quanto mais “premium” o cliente, maior a quantidade de pontos acumulados. Esse tipo de cartão pode dar de 1,3 pontos até 3,5 pontos a cada dólar gasto.

Para quem está começando e fica confuso com tanta informação, a influenciadora de turismo Andrea Miramontes, autora do site Lado B Viagens e jornalista na área há mais de vinte anos, aconselha a escolher o cartão de crédito que tenha a melhor conversão de pontos dentro da realidade financeira da pessoa e concentrar todos os gastos nele. “Quem quer viajar barato tem que fazer as contas na ponta do lápis”, diz Andrea. Ela ainda alerta: é indispensável comparar todos os benefícios que os cartões oferecem, como seguro-viagem, acesso a salas vip, desconto ou seguro em aluguel de carro, etc.