Os dados para o Brasil mostram a velocidade que a pandemia implementou na transformação digital. Em março de 2020, quando a covid-19 chegou ao Brasil, apenas 35% dos consumidores do País tinham o hábito de fazer compras pela internet ao menos uma vez por semana. Dois anos depois, esse percentual é de 57%, de acordo com pesquisa da Edelman. E o patamar alcançado dificilmente sofrerá retrocesso, pois 55% dos entrevistados projetam manter o ritmo de pelo menos uma compra online semanal mesmo quando a pandemia estiver completamente superada.
São números que mostram quanto a pandemia modificou os hábitos de consumo no País em tão pouco tempo. Quem vende produtos e serviços precisou se adaptar rapidamente às circunstâncias. Acelerar a transformação digital se tornou uma questão de vital para empresas de todos os setores e portes – mesmo os pequenos negócios precisaram desenvolver novos canais de venda, como o Instagram e o WhatsApp.
Tudo isso teve que ser feito sem descuidar de vários outros aspectos vitais além do faturamento em si, especialmente o engajamento dos funcionários e a satisfação dos clientes. Os supermercados, por exemplo, tiveram que criar estratégias emergenciais para lidar com um aumento exponencial da demanda por delivery.
Uma adaptação possível graças aos recursos tecnológicos, essenciais tanto na operacionalização quanto na missão de conhecer mais a fundo os novos hábitos dos consumidores diante de um cenário em transformação. “Os dados, que já são um dos mais importantes insumos para o varejo, ampliarão seu protagonismo, exigindo que as empresas os coletem e os tratem com muita eficiência e estratégia”, observa João Galassi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
O executivo voltou recentemente da NRF, a maior feira de varejo do mundo, realizada a cada início de ano em Nova York, impressionado com o fato de que um dos grandes destaques desta edição do evento foram as discussões sobre o metaverso.
O conceito, relacionado a um ambiente digital que tenta replicar a realidade – permitindo interações e, também, o consumo – vem ganhando rápido protagonismo. “Vamos precisar aprender a lidar com este novo universo que já está chegando por aqui”, diz Galassi.
VIAGEM AOS ESTADOS UNIDOS DE 2030
A pedido do Estado, o professor Erik Gordon, especialista em empreendedorismo e tecnologia da Ross School of Business da Universidade de Michigan, projetou como estará o cotidiano dos consumidores americanos no final desta década.
1 – Os consumidores gastarão pouco tempo comprando ou pensando em itens que compram repetidamente. Os serviços de entrega conhecerão o histórico de compras do consumidor e usarão a análise de dados para prever suas necessidades. Uma lista de produtos será enviada ao consumidor para que ele faça adições ou alterações.
2 – Os serviços de entrega enviarão os produtos frequentes em pequenos lotes, utilizando veículos robóticos e armários de entrega próximos à casa do consumidor. Cada entrega envolverá um código que o consumidor usará para desbloquear o armário.
3 – Os consumidores raramente irão a lojas de alimentos, farmácias e outros estabelecimentos que hoje são frequentemente visitados.
4 – Cadeiras de entretenimento combinarão recursos de visão e áudio com sensações táteis de temperatura e vibração. Será possível ter uma experiência semelhante à de visitar lugares ou à de participar de grandes eventos, como o SuperBowl ou a Copa do Mundo, sem o custo, o tempo e as inconveniências das viagens de avião.
5 – Os carros, ainda que não sejam totalmente autônomos, terão controle de cruzeiro avançado para viagens de longa distância em vias expressas, além de excelentes sistemas de entretenimento.
6 – O serviço sem fio será rápido o suficiente para que ninguém use cabo. Ficar preso a conexões físicas parecerá algo bobo.
7 – Raramente veremos um médico. Em vez disso, nos conectaremos em casa a dispositivos que medem nossos sinais vitais, os avaliam e os encaminham a um médico se algo parecer errado.