De um lado, os principais executivos do setor de consumo brasileiro estão otimistas. Recente pesquisa realizada pela consultoria PwC revela uma aposta mais ampla no crescimento da economia brasileira e mundial entre os executivos do setor, na comparação com os CEOs de todos os setores da economia nacional. Mas, de outro, eles estão mais preocupados com as mudanças climáticas globais do que a média dos líderes corporativos do País.
O tema ambiental é o único em que os CEOs do segmento de consumo dão mais peso que a média geral dos executivos em termos das principais ameaças que pairam sobre os seus negócios. De acordo com os dados da pesquisa, em algum grau, o fato de as mudanças climáticas estarem no radar das empresas de consumo já tem algumas implicações práticas.
Nesse setor, 45% das companhias têm compromisso de carbono neutro, ante a média geral de 31%. Além disso, 16% dos CEOs do setor têm as metas de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa vinculadas à remuneração pessoal, índice superior aos 12% da média brasileira.
Há também os fatores externos. “Na discussão sobre sustentabilidade e consumo, o que temos visto é uma tomada de consciência muito grande da sociedade”, lembra Carlos Coutinho, sócio e líder de Consumer Markets na PwC. “Para definir a jornada de consumo, as pessoas estão cada vez mais atentas a fatores como as mudanças climáticas, a origem dos produtos e as relações de trabalho envolvidas.”
Segundo Coutinho, ainda que o preço continue sendo o fator principal nas decisões de compra, o setor de consumo é especialmente sensível às alterações no comportamento da sociedade em geral. “Temos muito a avançar, mas nunca as discussões sobre o coletivo foram tão significativas nas decisões individuais”, considera o sócio da PwC.
ROTEIRO DE AÇÕES
- De olho no futuro, os consultores da PwC elencaram cinco prioridades a partir da tabulação dos dados da pesquisa;
- Alinhamento permanente entre os gestores da empresa sobre as transformações trazidas pelo novo mercado de consumo;
- Desenvolvimento de novas habilidades (para lidar com temas como riscos cibernéticos, cultivo da confiança e projeto de descarbonização);
- Reavaliação dos atributos que até então vinham sendo considerados nos planos de sucessão;
- Reformulação dos incentivos;
- Repensar as formas de colaboração – afinal, como conclui a pesquisa, “enfrentar os desafios mais urgentes da sociedade não será uma preocupação individual”.