As sucessivas quedas na taxa de juro básica da economia e a recente reação do crédito imobiliário têm ajudado a construção civil a recuperar o ânimo. Em 2017, o setor perdeu 5% de participação no PIB. Foi a quarta queda consecutiva. Mas as construtoras MRV, Camargo Corrêa e Gafisa, as mais relevantes para o consumidor no ranking Marcas Mais, já mostram sinais de retomada e pautam investimentos e inovações por uma maior presença nas redes sociais e em preceitos de sustentabilidade.
Habituada a usar as redes sociais para conversar com o público, a MRV tem um canal no Youtube com mais de 150 mil inscritos. Seu presidente, Rubens Menin, usa bastante o Twitter – no último dia 26 de abril, ele compartilhou com mais de 250 mil seguidores uma novidade: a entrega dos apartamentos da companhia será informatizada, com os trâmites conduzidos por tablet, sem papel, até o recebimento das chaves.
Líder entre as construtoras pela quarta vez, a MRV acredita que um posicionamento de marca bem definido garante espaço e respalda ações inovadoras e significativas. Um exemplo: 30% das unidades lançadas em 2017 já têm energia solar – a estimativa é que até 2022 esse seja o padrão. “Foi uma novidade para a indústria da construção civil, e não apenas para nosso portfólio. Nossa vantagem é oferecer o produto em escala”, diz Rodrigo Rezende, diretor de marketing da MRV. Segundo ele, a empresa usou a crise para fazer uma autoavaliação. “Identificamos as despesas desnecessárias e as otimizações possíveis.”
Da mesma forma, a crise promoveu uma revisão na Camargo Corrêa, que opera nos segmentos imobiliário e de infraestrutura. “Foi uma oportunidade para se recolocar e mudar a estratégia. Agora, também focamos no público mais jovem e seremos mais ativos nas redes sociais”, diz Décio Amaral, presidente da Camargo Corrêa Infra. A empresa está trazendo novas tecnologias de construção para o País, e com isso quer reverter a queda de R$ 5 bilhões do faturamento de 2014 para cá. Na linha da sustentabilidade, sobretudo no âmbito da ética, a ideia é estar presente em fóruns de discussão e estimular melhores regulamentações no setor.
A economia compartilhada, por sua vez, é uma das frentes de sustentabilidade da Gafisa. Sob o lema “compartilhar e economizar”, que se traduz em condomínios de apartamentos mais enxutos e numa proposta inovadora no Brasil: a oferta para uso conjunto de bicicletas, carros e até uma unidade de apartamento mobiliada, a construtora segue uma tendência da Europa e dos Estados Unidos de vizinhos partilharem serviços e objetos. É um conceito que ecoa nos espaços construídos as transformações geradas pela era digital. “Estão mudando não apenas os hábitos de consumo das pessoas, mas também a maneira como elas se relacionam e convivem. E isso se reflete nos empreendimentos que elas buscam”, afirma Adriana Farhat, líder de gente, gestão e comunicação corporativa da Gafisa. A companhia investe em parcerias que, por meio de dados e pesquisas, a ajudam a entender as principais tendências e vontades do consumidor.
Redes sociais e pesquisas ajudam as empresas a conhecer os desejos dos compradores de seus imóveis