ENSINO PROFISSIONALIZANTE

Formação de olho no trabalho

A educação profissional ainda é pouco difundida no Brasil, mas pode aumentar as oportunidades dos jovens na hora de buscar um emprego

Por João Marcondes

Para muitos estudantes no Brasil, o curso técnico apresenta o cenário ideal para os primeiros passos rumo à tão desejada carreira profissional. Esse tipo de curso pode ser procurado tanto por estudantes que vão iniciar o ensino médio como por aqueles que já concluíram essa etapa e desejam encontrar na educação profissionalizante o caminho para continuar os estudos.

Apenas 9% dos concluintes do ensino médio no Brasil recebem formação profissional e técnica, o que coloca nosso país na 36ª posição numa lista de 37 países.

Mas esse é um caminho ainda pouco conhecido no País. Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), também conhecida como “clube dos países ricos”, aponta que apenas 9% dos concluintes do ensino médio no Brasil recebem formação profissional e técnica, o que coloca nosso país na 36ª posição numa lista de 37 países. A média na OCDE é de 38%, com alguns países, como Suíça, Áustria e República Checa, superando os 60%.

A grande vantagem para os jovens que seguem esse tipo de formação é a possibilidade de uma inserção mais rápida no mercado de trabalho. “Em três anos, o estudante pode ingressar em uma empresa e fazer estágio, ou até mesmo durante o próprio curso, havendo um horário que ele possa trabalhar e fazendo jus aos aspectos legais dos programas de aprendizagem”, afirma Gilson Rede, diretor do Centro Paula Souza, autarquia ligada ao governo do Estado de São Paulo, responsável por mais de 200 escolas técnicas.

Em um cenário no qual está cada vez mais difícil para os jovens conseguirem suas primeiras oportunidades profissionais, o diferencial trazido por esse tipo de ensino pode pesar. “No Brasil, ter concluído um curso técnico aumenta em 48% as chances de pessoas em idade ativa ingressarem no mercado de trabalho, em comparação com candidatos sem essa formação”, afirma Melina Sanjar, gerente de desenvolvimento e responsável pelo Ensino Médio Técnico do Senac-SP.

Opções de ensino

Habilitação Profissional Técnica de Nível Médio é a nomenclatura usada pelo Ministério da Educação (MEC) para se referir aos cursos técnicos realizados juntos ou na sequência do ensino médio.

E existem três possibilidades principais de formação nesse nível:

Ensino Técnico Integrado – é a opção em que o aluno realiza o curso técnico e o ensino médio na mesma instituição de ensino, recebendo dois certificados de conclusão: o do ensino médio e o da formação técnica escolhida.

Ensino Técnico Concomitante – é destinado ao estudante que realiza o ensino médio em uma instituição e faz o curso técnico paralelamente em outra. Ou seja, o aluno pode fazer, por exemplo, a parte referente ao ensino médio em uma escola da rede pública e realizar a parte profissionalizante em uma escola técnica, a partir de uma parceria de cooperação entre as duas instituições.

Ensino Técnico Subsequente – é destinado aos estudantes que já concluíram o ensino médio. Em geral, a duração dessa modalidade varia entre dois ou três semestres, dependendo do curso.

É importante não confundir o curso técnico subsequente com as chamadas graduações tecnológicas, que são formações de nível superior e demoram de dois a três anos. Apesar de os dois tipos de formação terem como objetivo a inserção mais rápida no mercado de trabalho, o curso técnico tem um foco operacional. “Quando a gente fala de superior de tecnologia (tecnológico), o perfil do estudante não é apenas operacional. Ele abrange o nível operacional, mas também pega os níveis táticos e, em alguns momentos, estratégicos”, explica Gilson.

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