O ano tem sido agridoce para o segmento de Seguros Auto. Até o fim de setembro, a arrecadação cresceu 34,4% em relação à do mesmo período do ano passado, de acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). Esse dado está sendo muito celebrado, pois o mercado vinha se mantendo relativamente estável nos últimos anos. Em contrapartida, a rentabilidade foi afetada por diferentes fatores, especialmente a inflação e a escassez de insumos para a fabricação de carros, cenário que provocou um aumento expressivo nos preços dos veículos – tanto dos novos quanto dos usados –, além da majoração dos custos de reparação.

A Tokio Marine vem se destacando com um ritmo de crescimento nas vendas que, neste ano, tem sido duas vezes superior à média. “Continuamos a trajetória de aumento expressivo da participação de mercado iniciada em 2012. De lá para cá, nossa fatia passou de 3% para 12,6%, sem nenhum tipo de aquisição”, diz Marcelo Goldman, diretor executivo
de Produtos Massificados. Durante a pandemia, a empresa conseguiu acrescentar 500 mil veículos à carteira de segurados, alcançando o total de 2,6 milhões.

Cada seguradora desenhou uma estratégia para lidar com a queda da rentabilidade. A Mapfre implantou um plano operacional que buscou o aumento da eficiência das operações. “Revisamos de forma minuciosa nossos produtos, os itens que faziam parte de toda a nossa carteira e o sistema de subscrição”, descreve Luiz Padial, diretor executivo de Automóvel.

A Bradesco Seguros optou por priorizar as renovações das apólices e a ampliação do portfólio. “Um exemplo é o Auto Light, para clientes mais sensíveis a preço e possibilidade de parcelamento em até dez vezes sem juros”, cita o diretor Saint’Clair Lima. Ele lembra que há muito mercado a ser desbravado no Brasil. “O Seguro Auto ainda tem uma penetração baixa no País. Temos cerca de 17 milhões de veículos segurados, numa frota de 70 milhões. É uma lacuna e, por outro lado, uma grande oportunidade para novos negócios.”

A Tokio Marine também vem ampliando o mix com o objetivo de atrair clientes que ainda não integravam o mercado. A empresa lançou o produto Auto Econômico para atender aos anseios de uma parcela da população que, até então, não tinha poder de compra para um seguro. “Esse produto oferece cobertura completa para colisão, incêndio, roubo e furto com preço até 30% mais baixo que um seguro tradicional”, descreve Marcelo Goldman.

Transformação digital

Outra característica em comum entre as seguradoras são os investimentos em transformação digital. A Tokio Marine lançou este ano o Auto Você Escolhe, que tem contratação simplificada e totalmente digital, com até três opções de proteção. A empresa criou também o Sinistro Digital, iniciativa que reduz em até 50% o tempo médio de atendimento – uma das novidades é a permissão para que a ocorrência seja descrita com mensagens de voz.

Na Mapfre, os canais digitais já representam 30% das interações. A empresa lançou novas plataformas de autosserviço, tanto para os clientes como para os corretores, com a incorporação de inteligência artificial aos processos, por meio de chatbot e análise digital dos danos. O sistema de vistoria mobile no momento do sinistro permite que o segurado faça a avaliação completa dos danos em seu veículo em 16 segundos e tenha a liberação do reparo – com indicação de oficina mais próxima – em, no máximo, quatro horas.

Saint’Clair Lima, da Bradesco Seguros, diz que as iniciativas de transformação digital da seguradora têm como princípio aperfeiçoar a experiência dos clientes. “O consumidor ganhou ainda mais protagonismo e conscientização sobre coberturas e serviços. Isso inclui uma oferta cada vez mais customizada por parte do corretor, onde e quando quiser, de forma simples e ágil”, ele descreve. “Essa é uma revolução em andamento na forma de comercializar e consumir os serviços do mercado de seguros, com ganhos para todos.”