Por Gilmara Santos
A tecnologia tem tido papel fundamental dentro dos mais diversos setores da economia e não é diferente quando o assunto é a indústria de pneumáticos. Componente imprescindível ao funcionamento dos veículos por ser o ponto de contato com o solo, o pneu, que foi criado no século 19, passou por muitas mudanças até atingir a tecnologia atual, que prevê até o uso de realidade virtual para o desenvolvimento de novos produtos.
“A realidade virtual pode ser uma grande aliada para o teste de produtos e serviços, com ela podemos colocar o usuário para experimentar protótipos, testar usabilidade e até simular a experiência em locais para garantir que a jornada do consumidor seja a adequada”, diz Antônia Souza, COO na Lumx Studios.
Klaus Curt Müller, presidente da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), concorda que a aplicação da inteligência artificial pode ser uma aliada valiosa. “Somos um setor altamente tecnológico e que investe constantemente em processos produtivos, tornando hoje a indústria brasileira o sétimo maior polo produtivo de pneus do mundo e o maior da América Latina.”
Espaço para crescer
Dados da Anip mostram que as vendas de pneus registraram queda de 9,6% em julho na comparação com o mês anterior, de 4,42 milhões para 3,99 milhões de unidades. O resultado é reflexo do desequilíbrio do mercado.
Diante deste cenário, a tecnologia pode ter papel fundamental para ajudar na recuperação e crescimento do segmento. “Vejo o uso da inteligência artificial no setor como uma forma de melhoria do controle de qualidade e na otimização do processo produtivo, além de colaborar com a pesquisa de novos materiais e no processo que vai além da fabricação do produto, como a logística de distribuição”, avalia o presidente da Anip.
“Tanto a realidade virtual quanto a aumentada permitem uma infinidade de personalizações. Na hora de criar um projeto com essas tecnologias, as empresas podem de fato ir além das leis da Física para criar as experiências que mais gerem engajamento com o usuário”, diz Antônia Souza.
Na prática
Recentemente a Pirelli anunciou o lançamento de uma linha de pneus antirruídos. De acordo com Cesar Alarcon, CEO e vice-presidente sênior da Pirelli na América Latina, esses pneus estão diretamente ligados a um dos principais pilares na Pirelli: a sustentabilidade. “Sabemos que os carros geram uma poluição sonora, por conta de um inevitável rolar dos pneus. Nosso time de Pesquisa e Desenvolvimento esteve sempre empenhado em diminuir esses efeitos.”
O executivo destaca que a virtualização acelera processos. “Até 2025, o desenvolvimento de 60% dos pneus Pirelli para novos modelos será totalmente virtual e será 100% para novas linhas de reposição. Além disso, virtualização e simulação irão reduzir o tempo de desenvolvimento em 30%, o custo dos protótipos em 20% e o tempo de disponibilidade para novas linhas de produtos em 30%.”
Experiência do cliente
Para Antônia Souza, seja investindo em realidade aumentada ou em realidade virtual, é fundamental que as empresas entendam qual é o público que se deseja atingir com aquelas tecnologias. “Hoje, temos visto o uso muito bem-feito da realidade virtual para se comunicar com a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e isso é ótimo, mas assim como qualquer comunicação é importante entender os canais mais adequados para falar com o usuário.”
Em paralelo, diz ela, é também muito importante que as empresas abram a mente para as possibilidades que experiências imersivas podem oferecer para os processos de treinamentos, pesquisas e experiência de cliente, pensando em como a tecnologia pode sim trazer melhorias para a cadeia como um todo.