A esta altura, todas as principais campanhas do último ano já foram inscritas para a edição de 2024 do Cannes Lions, o maior festival de criatividade e publicidade do planeta. Depois daquela correria insana, que aumenta ainda mais o já maluco fluxo de trabalho das nossas operações – especialmente das produtoras, ecossistema do qual eu faço parte –, chega o momento daquele frio na barriga de dever cumprido. Ao menos por enquanto.
Ficamos nesses últimos dias focados nos detalhes daqueles projetos que tomaram nossas vidas nos últimos meses, às vezes anos. Aquele processo longo que une uma ideia criativa, embasada por muito planejamento, argumentação, trabalho em conjunto, parcerias, estudo de viabilidade, para que a gente resolva os mais diversos problemas, seja da comunicação de uma marca à defesa de uma causa, de uma inovação de mercado a uma forma de unir o esforço de empresas em prol de um mundo melhor.
Afinal, cada vez mais, fica clara e gritante a obrigação da indústria da publicidade em usar sua força em contribuição à humanidade. Uma espécie de agradecimento ao poder trabalhar em um mercado tão empolgante, que tantas vezes se aproxima da arte – ainda mais para alguém que, como eu, tem o som e a música como instrumento dessa orquestra –, que tem e precisa ter a criatividade no centro de tudo e, por isso, atrai muitas das mentes mais criativas do planeta.
A publicidade, especialmente a brasileira, vive o mercado de forma intensa. Nos emocionamos, nos revoltamos, levantamos nossas bandeiras, apoiamos as demais. Materializamos em áudio e imagens as ideias que, sem essa etapa, seriam apenas pensamentos soltos. Mas que, nessa união de talentos, ganham o mundo para transformar produtos, serviços, negócios e nós mesmos.
Cannes, para mim, é um momento especial desse processo. Além da reunião da indústria, de encontrar e reencontrar amigos e pessoas que admiramos, é um momento de reconhecer e ser reconhecido por trazer para a vitrine as ideias que realmente foram além, que geraram debates, mudanças, crescimento. Que ajudaram a mudar mercados e a quebrar padrões, a construir negócios e a destruir preconceitos. A tornarem ou ao menos incentivarem as pessoas a serem um pouco melhores a cada dia.
Em 2024, tudo isso vai ser ainda mais especial para mim. Pela primeira vez, vou para a Riviera Francesa não como espectador, mas como jurado do maior evento da nossa indústria. Mais do que torcer, terei como responsabilidade ajudar a reconhecer os trabalhos que, neste último ciclo, fizeram tudo isso pelas suas marcas, suas indústrias e suas causas.
Tudo fica ainda mais especial por estar como jurado na categoria de “Entertainment Lions for Music”. Para alguém que vive e respira música, que ama entretenimento e áudio na mesma medida, é uma honra ainda maior. Lá, vou poder levar o que faço no meu dia a dia dentro do estúdio, na análise de cada detalhe em busca da harmonia perfeita, para alguns dos maiores trabalhos da indústria.
E mesmo antes de começar, aqui fica meu compromisso de respeito, carinho e reconhecimento máximo a cada projeto que passar na minha frente. Toda paixão, investimento, inspiração e transpiração que iremos filtrar e enaltecer para a história da publicidade e criatividade do mundo – que, por fazer parte indissociável do dia a dia, também impactam não só nossos colegas de indústria, mas nossos amigos, nossos filhos, atuais e futuras gerações que estamos impulsionando, acelerando e inspirando. Só tenho a agradecer pela oportunidade e pela responsabilidade.