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Herchcovitch transforma tênis de Kanye West, acusado de antissemitismo, em quipá

Artista foi convidado a participar de campanha contra preconceito, criada pela agência VML no Brasil para a Organização Não-Governamental (ONG) StandWithUs

Herchcovitch transforma tênis de Kanye West, acusado de antissemitismo, em quipá

Por Wesley Gonsalves

O estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch foi convidado para dar uma “vida nova” a um tênis da Yezzy, que ficou com a “imagem manchada” pelas falas antissemitas do cantor e estilista Kanye West. Através de técnicas de “upcycling” – termo do mundo da moda sobre a transformação de itens em algo novo-, o artista criou quipás artísticos para levantar as discussões sobre o aumento nos casos de preconceito contra judeus e outros grupos minoritários.

A agência VML no Brasil criou para a Organização Não-Governamental (ONG) StandWithUs a campanha “Yeermulke: Drop o antissemitismo”. O nome da iniciativa foi pensado através da contração de duas palavras: “yarmulke”, uma expressão em ídiche – um idioma da família indo-europeia que foi adotada por povos judeus e que serve para se referir à quipá (uma indumentária judaica) – e a Yeezy, nome de uma linha de tênis assinada pelo rapper e estilista Kanye West.

“Nosso objetivo é pensar um símbolo que acabou vinculado a um discurso de ódio sob um novo ângulo, contando com todo o talento do Herchcovitch para combater o preconceito”, diz Sleyman Khodor, vice-presidente de criação da VML. Para a ação, a instituição educacional sobre Israel sem fins lucrativos convidou o estilista que é de família judaica.

Para criar os quipás, Herchcovitch angariou modelos antigos da marca e os usou como base para a criação da pela de cunho religioso, usando pedaços de tecidos dos antigos tênis, e costurando-os no formato do chapéu usado pelos praticantes da fé judaica.

“Nós queríamos utilizar esse evento extremo para educar as pessoas do antissemitismo, sobre as teorias da conspiração, dos estereótipos ligados ao povo judeu. Nós pensamos: o que podemos trazer de impacto para sensibilizar as pessoas? Foi aí que nasceu o ‘drop antissemitismo’”, conta Higor Igor Sabino, representante da StandWithUS.

Conforme divulgado, os quipás feitos com as técnicas de “upcycling” serão expostos e também enviados a criadores de conteúdo e influenciadores ligados ao combate ao antissemitismo.

Dados da Federação Israelita do Brasil de 2023 apontam um aumento de 263% nas denúncias de antissemitismo, puxado, em especial, por conflitos e falas de personagens influentes da mídia internacional, como as de West. Ye, como o rapper é conhecido no mundo da música, tem propagado mensagens de ataque ao povo judeu nos Estados Unidos, o que gerou um rompimento de contrato com a gigante esportiva Adidas, fabricante dos tênis assinados pelo cantor.

Preconceito que traz prejuízo
Em 2022, o artista viu escalonar as consequências das suas ações de cunho preconceituoso. À época, seus comentários antissemitas, falas com teor conspiratório e apoio ao movimento de extrema direita “White Lives Matter” (“Vidas Brancas Importam”, de tom notoriamente racista, em oposição ao slogan “Vidas Negras Importam”) geraram protestos na internet, críticas de outros artistas e até movimentos de grandes companhias para dar um fim nas suas colaborações com o artista.

Na ocasião, a revista americana Forbes, calculou que o artista teria tido um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão com o fim de contratos de publicidade e parcerias. Em resposta a West, marcas como Balenciaga, Adidas e Gap encerraram contratos que mantinham com o artista. A marca de luxo espanhola, que pertence ao grupo Kering, cortou laços com o rapper e disse que não tinha pretensões de voltar a colaborar com ele.

No pior revés às suas falas, a Adidas encerrou o contrato com o West e pôs fim a produção da linha de tênis Yeezy, o que fez a publicações de negócio tirá-lo da sua tradicional lista de bilionários.

Herchcovitch transforma tênis de Kanye West, acusado de antissemitismo, em quipá

Foto: Divulgação/VML

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