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Preparação nas áreas de cibersegurança e energia renovável, consideradas profissões do futuro

Áreas estão entre ‘profissões do futuro’ apontadas em relatório do Fórum Econômico Mundial; oferta de cursos de especialização é variada

2 jun 2025

Por Priscila Mengue – editada por Mariana Collini

Quais serão as “profissões do futuro”? As listas costumam variar, mas dois campos frequentemente são apontados como chave para os próximos anos: a Segurança da Informação (ou cibersegurança) e as Energias Renováveis.

Embora não relacionados diretamente, ambos respondem a desafios e necessidades atuais: a Segurança da Informação atende ao avanço da exposição de dados, da Inteligência Artificial (IA) e da tecnologia em geral, enquanto a área de Energias Renováveis é catapultada pela transição energética e o agravamento da emergência climática.

Na prática, contudo, os dois são campos de trabalho “do presente”, isto é, com demanda já crescente. Nesse contexto, têm atraído atenção para cursos de pós-graduação, cuja duração mais curta (um ano ou um ano e meio, geralmente) por vezes é vista como um “caminho mais rápido” para um crescimento profissional ou transição de carreira.

Setores estão em ‘ascensão’, segundo Fórum Econômico Mundial
As duas áreas estão listadas como prósperas pelo Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, do Fórum Econômico Mundial. A cibersegurança é apontada, por exemplo, como a terceira maior “competência em ascensão” até 2030, atrás apenas de IA e Big Data.

O relatório avalia que a segurança cibernética é hoje vista como uma competência “menos essencial”, mas com “expectativa de crescimento no uso”. “A crescente fragmentação geoeconômica, aliada à rápida adoção de novas tecnologias e à expansão do acesso digital, aumentou significativamente as preocupações com a segurança cibernética”, diz.

Além disso, os mais de mil líderes globais ouvidos pelo Fórum apontaram a mitigação da emergência climática como a terceira tendência “mais transformadora” até 2030. “Está impulsionando a demanda por cargos como engenheiros de energia renovável, engenheiros ambientais e especialistas em veículos elétricos e autônomos, todos entre os 15 empregos que mais crescem”, salienta.

Pela primeira vez, a gestão ambiental entrou na lista das dez habilidades de crescimento mais rápido. Além disso, a geração, distribuição e estocagem de energia é o terceiro setor de negócios em maior transformação, atrás apenas de IA e automação (robótica e afins).

Tendências semelhantes são abordadas em outros documentos. O relatório Energia Renovável e Empregos de 2024, da Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), apontou que o 2023 foi o ano com maior aumento de empregos no setor, com um incremento de 18%.

Já o Consórcio Internacional de Certificação de Segurança de Sistemas de Informação (ISC2) destacou que há “escassez de talentos e lacuna de habilidades em um momento em que a necessidade nunca foi tão grande”. Essa avaliação está no último Estudo da Força de Trabalho em Cibersegurança.

Oferta variada de cursos de pós-graduação em energia
Há uma oferta variada de pós-graduações nas duas áreas. As opções envolvem desde cursos mais generalistas, até outros mais nichados, além de MBAs.

As especializações são ofertadas por universidades e, também, instituições segmentadas. Um exemplo é a pós em Gestão Eficiente de Energia da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK-Rio).

Gerente de Formação Profissional na instituição, Natasha Costa, conta que o perfil dos alunos mudou ao longo dos 12 anos do curso. “Quando a gente começou a trabalhar, precisava convencer as pessoas de que precisavam se capacitar nesse sentido”, conta. “As primeiras turmas foram exclusivamente de pessoas que vinham do setor de óleo e gás, que já previam que o mercado caminhava nessa direção”, completa.

Hoje, a situação é diferente. “As pessoas chegam com seus desafios e entendimento adequado do que desejam. Percebem o valor que agrega na carreira”, conta a gerente. Segundo ela, o perfil de aluno também está mais diverso.

Embora seja binacional, com certificação europeia, o curso é ministrado em português e por professores brasileiros, que se baseiam em currículo desenvolvido na Alemanha. “O objetivo é formar justamente através da metodologia alemã, que alia teoria e prática”, explica. Há, contudo, palestras e atividades com empresas e especialistas alemães.

No mesmo sentido, foram criados MBAs e especializações mais segmentados, como aplicados à Indústria, ao agronegócio e ao empreendedorismo. Além disso, há opções focadas em um tipo específico de energia (como hidrogênio verde).

Dentre os cursos mais recentes está o de Geoprocessamento e Energias Renováveis da Universidade Cruzeiro do Sul, lançado neste ano. Coordenadora de educação continuada em Engenharia na instituição, Leandra Antunes atribui a decisão à demanda crescente e que “continuará avançando nos próximos anos, com o aumento da eletrificação dos transportes e de outros setores da economia”.

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Segundo ela, a procura tem sido principalmente de profissionais graduados em Engenharia, Tecnologia e áreas afins. “As carreiras do futuro estão profundamente ligadas à sustentabilidade, refletindo a necessidade urgente do enfrentamento dos desafios ambientais, sociais e econômicos”, acrescenta.

Além disso, a área tem se tornado um dos pilares dos demais cursos de energia. Na Universidade Presbiteriana Mackenzie, por exemplo, no próximo semestre, será lançada uma pós em Gestão Estratégica do Setor Elétrico — com foco especial em renováveis.

Professor da Escola de Engenharia da Mackenzie, Marcos Rosa dos Santos considera que há uma demanda por especializações que tratem não apenas de geração e uso, mas também de preparação, comercialização e contratação. Isso inclui desde regulamentação e certificação até tecnologia, estrutura de mercado e mecanismos de comercialização, como leilões de distribuição, por exemplo.

Por esse perfil, o professor avalia que o curso irá atrair profissionais variados, como advogados, economistas e administradores, dentre outros. “A gente percebeu a necessidade desses novos players entrando no mercado, também para entender como funcionam as tratativas mais burocráticas, do ponto de vista das regulamentações.”

Segurança da Informação também está em ascensão
Com o maior armazenamento e exposição de dados online, dentre outros aspectos, o setor de Segurança da Informação tem uma demanda crescente no mercado — ainda mais com a sofisticação cada vez maior de ciberataques. Há opções desde especialização tradicional até a educação executiva.

Coordenador da pós-graduação de Segurança da Informação da Cruzeiro do Sul, Vagner Silva conta que o curso foi criado há três anos após a identificação de demanda no mercado. “Com a digitalização acelerada de todos os aspectos da vida pessoal e empresarial, a quantidade de dados sensíveis e sistemas críticos online só aumenta”, explica.

Por isso, a expansão da IA acaba sendo um dos impulsionadores da área, dentre outros fatores. “O avanço da Ciência de Dados e da Inteligência Artificial gera um volume expressivo de dados que são cada vez mais valiosos e, consequentemente, alvos cobiçados para ciberataques”, analisa. “

Segundo ele, os estudantes geralmente são formados em áreas de tecnologia. “Proteger esses dados e os algoritmos que os processam, garantir a privacidade e a ética no uso da IA e defender contra-ataques sofisticados que podem usar IA são desafios que elevam muito a necessidade por profissionais de Segurança da Informação”, completa.

Além de especialização mais técnicas, também há cursos de MBA, como o em Cyber Security & Governance da Fiap. O curso é voltado à formação de novos CISOs, os diretores de Segurança da Informação, considerados como “C Level” nas empresas.

“O risco de segurança está maior. Não se fala só de invasão de servidor e captura de dados. As próprias empresas estão indo atrás de plataformas e colocando em dados, com maior risco e iminência de exposição de dados”, explica Rafael Ronqui, diretor dos cursos de MBA da faculdade.

Preparação nas áreas de cibersegurança e energia renovável, consideradas profissões do futuro

Foto: I-Hwa Cheng/AFP – 20/05/2025

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