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Mães executivas: sobrecarga mental e pressão por aprovação são os principais obstáculos nas empresas

Mães executivas: sobrecarga mental e pressão por aprovação são os principais obstáculos nas empresas

26 maio 2025

Por Shagaly Ferreira

No ambiente corporativo do Brasil, a criação de um filho ainda repercute de forma mais significativa na vida de uma profissional mulher, seja em posições intermediárias de liderança, seja no alto escalão. Para elas, a carga mental excessiva e a pressão para provar que são tão dedicadas às suas funções como as colegas sem filhos são consideradas por elas como suas principais barreiras dentro das empresas onde atuam.

Esses aspectos foram ressaltados, respectivamente, por 50% e 26% das mulheres ouvidas pela pesquisa “Mulheres nas empresas: o que querem da carreira e da vida pessoal”, realizada em fevereiro pela consultoria Todas Group e pela plataforma Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados.

O levantamento ouviu 1.203 mulheres que atuam em grandes empresas no País; 54% delas, mães. Dentre as entrevistadas estão contempladas analistas, coordenadoras, gerentes, diretoras, sócias, vice-presidentes e CEOs, predominantemente na faixa etária de 25 a 59 anos.

As executivas mães listaram ainda outras situações como barreiras dentro das companhias como: jornada inflexível, 23%; preconceito velado, 20%; maior dificuldade de acesso a cargos de liderança, 18%; falta de políticas de suporte, incluindo licença parental, 16%; entre outros pontos.

Sacrifício da saúde mental
Não por acaso, de modo geral, sete em cada 10 dessas profissionais entendem que precisaram sacrificar o autocuidado e a saúde mental para buscar crescimento profissional. Entre as executivas mães, o tempo com a família é uma das áreas mais comprometidas. Parte das mulheres ouvidas ainda, 24%, diz ter sacrificado a maternidade ou desejo de ter filhos para poder prosseguir em seus anseios profissionais.

Por causa disso, ter equilíbrio entre trabalho e vida pessoal aparece como a maior prioridade para as executivas mães, que esperam que esse tema seja mais explorado pelas empresas em que trabalham, é o que explica Dhafyni Mendes, fundadora da Todas Group, a partir dos dados do estudo.

Ela ressalta que as mães ainda convivem com o desafio extra de conciliar muitas demandas, visto que ainda hoje 75% da economia do cuidado é exercida por mulheres. No entanto, a relação com a economia do cuidado ainda atribuída às elas não significa que não haja de prioridade dessas executivas com sua própria carreira.

Segundo Mendes, ainda há um viés preconceituoso a ser combatido que atribui pontos de alta produtividade para o homem após tornar-se pai, enquanto faz exatamente o contrário para a mulher quando ela passa a ser mãe.

“Um dos pontos da pesquisa mostra que o importante no momento de vida para as mães é estabilidade financeira, segurança e crescimento no trabalho. Isso mostra que mulheres, após serem mães, são mais comprometidas. A parentalidade, para o homem na carreira, tem um viés positivo, com ele sendo percebido como mais responsável, mais confiável e mais comprometido. Mas isso vale também para as mulheres. O viés contrário é inverídico”, argumenta.

Potencial da maternidade
Na época da pesquisa, a expectativa das entrevistadas pelo levantamento é que o dia 8 de março, Dia da mulher, fosse marcado por menos discursos e mais ações concretas, como a implementação de programas de aceleração de carreira ou promoção para cargos estratégicos.

Para Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, o levantamento evidencia que há diferentes necessidades das mulheres no mercado, que variam de acordo com fatores como a maternidade e as suas posições profissionais. “(Esse) diagnóstico pode servir para as companhias construírem ambientes com mais equidade de gênero, fortalecimento de lideranças femininas e retenção de talentos”.

Os pontos, acrescenta Dhafyni Mendes, demonstram ainda que, para além de um cenário de desafios ainda existentes, há uma oportunidade potencial de crescimento vista por essas mulheres a partir de sua experiência com a maternidade, e as empresas precisam favorecer que esse potencial vire realidade nas corporações.

“Um plano de carreira para as mulheres mães faz toda a diferença, antes mesmo de ela sair de licença maternidade”, pontua. “Eu sempre brinco que o melhor MBA que eu já conheci é a maternidade, com o desenvolvimento de tantas habilidades, de tanto gerenciamento de novas skills (potenciais). Por isso, a maternidade não é só crucial para a carreira da mulher, mas também para carreiras no geral.”

Mães executivas: sobrecarga mental e pressão por aprovação são os principais obstáculos nas empresas

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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