Novo Ensino Médio em discussão
Reestruturação segue gerando debates e incertezas. Entenda as mudanças que ainda podem vir
Artigo
Por Maurício Oliveira
Frágil, ansioso, não linear e incompreensível: essas palavras compõem, em inglês, a sigla Bani, tentativa de sintetizar a complexidade do mundo atual, criada pelo futurologista norte-americano Jamais Cascio. Ele próprio apresentou outra forma (mais clara e direta) de definir o período histórico em que estamos vivendo: “era do caos”, referência às profundas e rápidas transformações pelas quais a sociedade vem passando.
São mudanças que estão impactando a formação e a necessidade de educação continuada nas mais diversas profissões. Com professores não é diferente – havendo, nesse caso, a responsabilidade adicional de conduzir as novas gerações em meio às turbulências. Para completar, as diretrizes do Novo Ensino Médio (leia mais nos artigos Um novo horizonte na última etapa e Novo Ensino Médio em discussão) trouxeram doses adicionais de apreensão sobre o leque cada vez mais amplo de conhecimentos e habilidades esperados dos profissionais do ensino.
“É esperada uma atuação que vá além da sala de aula. Isso inclui, entre outros aspectos, conhecer e opinar sobre o projeto político-pedagógico da escola e participar ativamente da comunidade”
Marcelo Ganzela, professor e coordenador do curso de Licenciatura em Letras na Instituto Singularidades.
Novas áreas
Marcelo Ganzela, professor e coordenador do curso de Licenciatura em Letras na Instituto Singularidades, diz que há três novos guarda-chuvas de conhecimentos que devem ser absorvidos pelos profissionais. O primeiro diz respeito a novas práticas pedagógicas, como metodologias ativas, pensamento computacional, cultura maker e resolução de problemas. O segundo são temas e abordagens – a exemplo de diversidade, inclusão, direitos humanos e sustentabilidade – que precisam estar presentes, de forma transversal, em todos os anos de estudo e em todas as disciplinas, associados de alguma forma ao conteúdo transmitido aos estudantes. O terceiro envolve um relacionamento mais amplo do profissional com o cenário da educação.
“É esperada uma atuação que vá além da sala de aula. Isso inclui, entre outros aspectos, conhecer e opinar sobre o projeto político-pedagógico da escola e participar ativamente da comunidade”
ele exemplifica.
Os professores certamente precisarão de ajuda para enfrentar tantas “demandas da contemporaneidade”. Cursos de capacitação e atualização se tornarão cada vez mais necessários. Isso suscita uma discussão: quem deve bancar esses custos? O próprio profissional interessado em atualizar-se, a escola ou ambos? “São questões em aberto”, avalia Ganzela. Para mães e pais, é importante acompanhar como esse movimento ocorre nas escolas, pois há relação direta com a forma como seus filhos lidarão com as complexidades do mundo Bani.
Reestruturação segue gerando debates e incertezas. Entenda as mudanças que ainda podem vir
Um modelo adequado que possa ser aplicado em diferentes escolas precisa ir além do material didático padronizado
Avaliação
Conhecer os critérios de avaliação utilizados pelas escolas é essencial para garantir o desenvolvimento cognitivo e socioemocional