USP oferece formação antirracista a secretarias de 27 municípios

Durante o curso, oferecido pelo Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto, o Instituto Dacor e a B3 Social, educadores elaboram plano de ação para uma educação antirracista

Por Euziane Bastos - editada por Mariana Collini

24 de junho de 2024

A luta antirracista tem se tornado um ponto crucial na criação de estratégias educacionais que visam maior igualdade entre estudantes — e profissionais da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP, sabem disso. Em parceria com o Instituto Dacor e a B3 Social, eles oferecem um ciclo de formação gratuito a 27 secretarias da educação de municípios de Alagoas (10) e de São Paulo (17), com cinco encontros virtuais entre maio e junho.

Sob o tema Educação antirracista no chão da escola: o papel das secretarias municipais de educação, o ciclo reúne municípios parceiros para a discussão de políticas públicas sobre o tema, bem como a criação de planos de ação para iniciar essa movimentação nas casas legislativas.

Larissa Maciel, analista da Cátedra e responsável pela organização da formação, explica que, em seus quatro anos de existência, a instituição já realizou várias ações junto às secretarias da educação de seus 148 municípios parceiros. “Nossos primeiros projetos foram análises de dados educacionais. Pegamos os indicadores educacionais desses municípios e cruzamos com outros indicadores para identificar como anda a educação dessas redes”, diz.

Após o cruzamento de dados, foram gerados relatórios para os secretários e secretárias da educação para mitigar eventuais situações negativas.

O processo no ciclo é semelhante. Nos encontros virtuais, secretários e suas equipes são provocados a idealizar projetos para a educação das relações étnico-raciais a partir de casos de sucesso. Para a atividade final, eles elaboram um plano de ação municipal para uma educação antirracista, a ser avaliado pelo Instituto Dacor.

Os critérios básicos para o plano serão: contextualização da realidade de cada secretaria, levando em conta, principalmente, o perfil racial e as condições socioeconômicas e culturais da população negra do município. Os municípios deverão apontar os objetivos, metas e os instrumentos que serão utilizados para combater as disparidades de aprendizagem entre estudantes negros e brancos e as ações para o combate ao racismo e a promoção da educação para equidade racial.

Cumprindo os requisitos, o Instituto fará devolutiva qualitativa sobre os planos. “O racismo está diretamente ligado a dois problemas enormes da sociedade brasileira: a desigualdade social e a violência. E o racismo é, geralmente, enfrentado pelas crianças, pela primeira vez, na escola. Por isso, uma política pública para uma educação antirracista pode ser um dos caminhos para uma educação com mais qualidade, equidade e inclusão”, afirma Vidal Mota Jr, diretor do Instituto Dacor.

Acompanhamentos pós-ciclo
Após os encontros, a Cátedra e o Instituto Dacor acompanham a efetivação dos planos de ação. Segundo Larissa Maciel, o propósito da formação vai além da sensibilização das redes. “Prover insumos para que eles possam agir também é importante. A parceria com a Dacor foi muito interessante, porque eles eles têm um instrumento que é a rubrica, em que é possível avaliar o nível de maturidade das redes em vários requisitos. Isso permitiu que as redes pudessem entender em que momento eles estão”, diz.

O professor titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, Mozart Neves Ramos, se mostra otimista. “Nós queremos planejar, para 2025, um segundo módulo que possa estruturar dentro das secretarias (da educação), aproveitando o início de gestões municipais, um núcleo de equidade racial”, afirma. Eles aguardam o fim do período eleitoral para levar esse planto à frente, sempre visando transformar equidade racial em política pública.

Veja se sua cidade faz parte desse processo de formação antirracista
Os municípios alagoanos participantes são: Atalaia, Cacimbinhas, Feliz Deserto, Jundiá, Olho D’água das Flores, Pão de Açúcar, Paripueira, Pilar, Piranhas e Quebrangulo.

Já os de São Paulo são: Altair, Barretos, Batatais, Bebedouro, Colina, Cordeirópolis, Francisco Morato, Guaíra, Guaraci, Jundiaí, Monte Azul Paulista, Ribeirão Preto, Severínia, Taiaçu, Taquaral, Viradouro, Vista Alegre do Alto.

* Este conteúdo foi produzido em parceria com o Instituto Dacor, ONG que oferece assessorias, formações, mapeamento de dados e iniciativas de disseminação de conhecimento para fomentar políticas públicas e privadas para a equidade racial.

USP oferece formação antirracista a secretarias de 27 municípios

Foto: Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP

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