Niviane Magalhães

Em um ano totalmente atípico e marcado pela pandemia de covid-19, os analistas vencedores da 23ª edição do Prêmio Broadcast Analistas tiveram em comum a recomendação de carteiras voltadas para setores defensivos, como o de telefonia, com empresas com boa geração de caixa e receita recorrente, além do segmento de commodities. Era março de 2020 quando a pandemia chegou de vez ao País e os investidores assumiram uma postura negativa em relação ao surto de coronavírus, levando o Ibovespa a seis circuit breakers em apenas oito pregões. Diante de um cenário de incertezas sem precedentes, os analistas se viram forçados a ajustar suas carteiras.

Na primeira colocação, os analistas Maria Tereza Azevedo e Augusto Gazzola, responsáveis pela cobertura dos setores de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT) no Santander, ressaltaram que o ano de 2020 destacou a resiliência desses segmentos e mostrou como as operadoras de telefonia conseguiram entregar melhorias operacionais e estruturais.

Ainda no setor da dupla, cujas recomendações tiveram rentabilidade de 75,35%, a surpresa foi o segmento de tecnologia, que conseguiu colher bons resultados quando o home office se tornou obrigatório nas empresas, impulsionando o consumo de eletrônicos e softwares.

Outro segmento que ganhou força foi o de commodities. Embora a demanda mundial tenha sido penalizada com as quarentenas e lockdowns ao redor do planeta, o fortalecimento do dólar garantiu a boa performance das ações de empresas exportadoras como Vale e CSN, ajudadas ainda pela alta no preço do minério de ferro, comentam Daniel Sasson, Edgar Sousa e Ricardo Monegaglia, do Itaú BBA, que ficaram na segunda posição do prêmio. Já a Gerdau foi beneficiada pela visão positiva para o setor de siderurgia no Brasil, sobretudo, ajudada pelo bom momento da construção civil. Enquanto isso, a Klabin apresentou resiliência dos segmentos de embalagem em que a empresa atua, “mesmo em um ano desafiador como 2020”, aponta Sasson.

Entre outros destaques, os setores de empresas consideradas boas pagadoras de dividendos, como o elétrico, também ganharam notoriedade. Segundo o diretor de Relações com o Mercado da Ativa Investimentos, Sylvio Fleury, o momento era de focar em empresas consolidadas. Enquanto isso, a recuperação mostrada principalmente pelas construtoras também surpreendeu os agentes de mercado.