ENSINO MÉDIO
Um novo horizonte na última etapa
O ensino médio fecha a educação básica e a troca de escola nesse ciclo deve considerar a preparação para o mundo adulto
Artigo
Por Bianca Bibiano
Atualmente, mais de 9 milhões de crianças estão matriculadas na educação infantil, um aumento de 8,5% em 2022 após um período de queda nas matrículas em razão da pandemia de covid-19, segundo o Censo Escolar da Educação Básica. E, para os milhares de famílias que buscam anualmente turmas de creche e pré-escola para crianças de 0 a 5 anos de idade, essa é uma fase permeada de dúvidas e incertezas.
De acordo com Beatriz Ferraz, psicóloga e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP), mesmo pais e responsáveis que não detêm conhecimento sobre essa área têm condições de identificar se o ambiente buscado oferece os requisitos mínimos para o desenvolvimento adequado. “É preciso, antes de tudo, observar certas pistas para antecipar contextos e atitudes da escola no cuidado e na relação com as crianças”, explica.
O primeiro olhar, destaca a especialista, deve ser para como a instituição pensa as interações das crianças com o espaço e com seus pares, e isso serve tanto para aspectos estruturais quanto pedagógicos. “Na primeira infância, a qualidade da aprendizagem e do desenvolvimento está relacionada à qualidade da interação, ou seja, em como os adultos criam um ambiente de acolhimento, de escuta e de autonomia.”
Sinais de alerta
Para entender como isso se dá na prática, destaca Beatriz, as mães e os pais podem perguntar, por exemplo, como é organizada a rotina diária e observar como os espaços são preenchidos. “São salas com mesas e cadeiras ou espaços de circulação mais livre, que dão autonomia para a criança se movimentar? A corporeidade é fonte de aprendizagem. Então, se você nota que ela ficará muito tempo sentada, é preciso ligar um alerta.”
Os materiais oferecidos aos pequenos também são importantes. “A criança também aprende na interação com brinquedos, desenvolvendo imaginação e autonomia.” Nesse sentido, as linhas pedagógicas mais atuais defendem o uso de elementos da natureza e brinquedos não estruturados, evitando apenas carrinhos, bolas e bonecas, por exemplo. “A criança atribui sentido ao objeto conforme ela percebe seu uso social, fazendo descobertas durante o uso. Não significa, contudo, que ela deva ficar em uma área isolada e cheia de brinquedos aleatórios. Esses itens devem ser apresentados com intencionalidade e dentro de uma rotina pedagógica.”
Outro sinal de alerta para as famílias é a maneira como a escola realiza a fase de adaptação. “A transição do espaço familiar para o espaço escolar dá muitas pistas sobre como a instituição entende o desenvolvimento socioemocional”, diz Beatriz. Para saber como isso funciona na prática, ela recomenda perguntar como é feita e quantos dias dura a fase de adaptação, qual é o acesso dos responsáveis ao espaço durante esse período e como os educadores procedem em caso de choro ou de recusa da alimentação, por exemplo.
“É preciso perguntar como a instituição concebe o brincar no projeto. O que está previsto, quais são os objetivos usados, como esse espaço externo é pensado? Isso deve ir muito além dos conhecidos playgrounds, que por vezes têm muito plástico e pouca abertura para as crianças inventarem a própria brincadeira, além de condicionar determinados movimentos”
Gabriel Salgado, coordenador de Educação do Instituto Alana.
Livre brincar e contato com natureza devem ser respeitados
Para contribuir com o desenvolvimento integral, Gabriel Salgado, coordenador de Educação do Instituto Alana, destaca a importância do brincar como primordial na educação infantil. “Esse é um direito humano fundamental, envolve o desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Vai influenciar o relacionamento das crianças consigo, com o outro e com o mundo.”
Ainda que seja plenamente estabelecido pela legislação nacional e internacional, ele diz que isso ainda é um desafio, especialmente em relação ao brincar na natureza. “Apenas 24% das creches e 31% das pré-escolas têm áreas verdes. Isso é alarmante. Pesquisas de 2021 mostram que em cerca 40% das escolas escutadas não foi oferecida nenhuma atividade relacionada ao livre brincar.”
Para garantir esse direito, Salgado orienta as famílias a atentar para alguns fatores primordiais ao entrar em contato com a escola. “É preciso perguntar como a instituição concebe o brincar no projeto. O que está previsto, quais são os objetivos usados, como esse espaço externo é pensado? Isso deve ir muito além dos conhecidos playgrounds, que por vezes têm muito plástico e pouca abertura para as crianças inventarem a própria brincadeira, além de condicionar determinados movimentos”, completa.
O que perguntar antes da matrícula
Aspectos estruturais | Aspectos pedagógicos |
As crianças têm acesso a ambientes variados ou ficam apenas em salas fechadas? | Qual é a formação dos professores e demais cuidadores? |
Há condições de segurança, ventilação e iluminação adequadas? | Como é pensado o momento de adaptação da criança? |
Qual a proporção de adultos por criança? | Que tipos de materiais são utilizados nas atividades? |
As famílias podem acessar a escola livremente ou apenas ir até o portão de entrada? | Como acontece a interação das crianças com os materiais e o espaço? |
Como é a rotina diária das crianças? | Como são pensados os momentos de brincadeira ao ar livre e o contato com a natureza? |
Que tipo de alimentação é ofertado? Há água filtrada e alimentos frescos? | Havendo brigas entre crianças, qual atitude esperar da escola? |
Créditos da imagem: Adobe Stock
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