Artigo

Preconceito

O impacto da intolerância na escola

28 de setembro de 2024

Por Giovana Pastori e Heloísa Costa

Mesmo sendo um lugar de aprendizado e inclusão, a escola não está imune a um problema que vai na contramão de seus valores: a intolerância. No cotidiano escolar, o preconceito, o bullying e a discriminação são algumas de suas manifestações. A intolerância é o ato de não aceitar ou respeitar ideias e comportamentos diferentes, motivada por fatores como raça, religião, gênero, orientação sexual, cultura ou política.

No Brasil, esse é um tema preocupante. Um exemplo é o aumento da intolerância religiosa, com 2.124 violações de direitos humanos em 2023, um crescimento de 80% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Outro tipo de intolerância que, infelizmente, permanece muito frequente entre nós é o racismo. Ele permeia todas as esferas da sociedade, incluindo as escolas. No ano passado, um levantamento do Instituto de Referência Negra Peregum (Ipec) e do Projeto Seta mostrou que o ambiente escolar está no topo da lista de locais onde os brasileiros mais sofrem violência racial. Entre 2 mil entrevistados no levantamento, 38% apontaram a escola ou a faculdade como espaços onde sofrem ou já sofreram racismo.

As estatísticas se tornaram realidade para Ana Laura Pauleto, de 13 anos, estudante de Bauru, interior de São Paulo. Sua avó, Janete Aparecida da Silva, ainda lembra o que a neta sofreu na escola quando ainda era criança: “Ela começou a ficar triste, mas não falava o que era. Até que eu peguei ela com uma bucha esfregando o braço com força e perguntei por que ela estava fazendo aquilo. Ela disse que tinham uns meninos na escola que a chamavam de bruxa, de cabelo de bombril e de preta. Chorando, ela falou: ‘Vó, eu não quero ser dessa cor, se eu esfregar bastante será que sai?’”.

Na sala de aula
No Colégio Ofélia Fonseca, Wylma Ferraz, orientadora do ensino infantil e fundamental 1, propôs a seguinte atividade: “Escrevemos coisas ruins em uma folha de papel, amassamos e passamos para o próximo. Depois, falamos coisas boas e desamassamos. Mas, por mais que esticássemos, o papel não voltava a ser o mesmo. Isso mostra que o que causamos ao outro deixa marcas”.

Com essa dinâmica, Wylma usa o lúdico para abordar assuntos como traumas, respeito e responsabilidade, tornando o aprendizado mais significativo. Essa abordagem guia o ensino da escola, conectando relações humanas aos conteúdos tradicionais das disciplinas.

Foto: Adobe Stock

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