ENSINO MÉDIO
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Artigo
Por Roberto Lira
Estresse, ansiedade e insegurança são alguns dos problemas históricos que crianças e jovens enfrentam desde sempre no ambiente escolar, mas esses sintomas têm sido amplificados num mundo cada vez mais conectado pelos avanços tecnológicos e – ao mesmo tempo – mais desigual e socialmente fragmentado.
Uma pesquisa divulgada no ano passado – feita em conjunto pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e pelo Instituto Ayrton Senna – mostrou que 69% dos estudantes do 5º e 9º ano do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio relataram sintomas de depressão e ansiedade, entre outros problemas agravados pelas medidas de distanciamento.
“Isso significa que esses estudantes precisam de apoio, pois estão vulneráveis aos sentimentos e às ações que se agravaram durante o período de distanciamento. Então é muito importante a escola olhar para a questão”, diz Maria Lucia Voto, gerente de Projetos do Instituto e sócia-proprietária da consultoria Sempreducação.
Uma das frentes de enfrentamento que as escolas investem é a educação socioambiental, que compreende programas de desenvolvimento das chamadas habilidades socioemocionais nesses estabelecimentos (leia mais neste artigo). Essas competências são cada vez mais buscadas de forma transversal, envolvendo alunos, professores e pais e abrangendo todo o ecossistema educacional. Enquanto isso, para integrar os diversos conhecimentos sem desviar os olhos e a atenção da saúde mental, crescem os programas que sugerem um maior envolvimento das famílias.
Trabalho coletivo
Para Maria Lucia, considerar todo o ambiente em torno dos estudantes é fundamental para a eficácia das estratégias. Hoje, há uma compreensão maior de que é importante envolver a família porque o estudante já traz com ele uma bagagem social e emocional que reflete muito o que ele vive em casa ou em seu entorno.
“A participação dos pais é fundamental para contextualizar o porquê de aquele estudante se encontrar naquele determinado momento socioemocional, e eles precisam entender como lidar conjuntamente com a escola. Precisa ser um trabalho coletivo. Quando a gente fala em colocar o estudante no centro, esse é olhar da sociedade, da escola, da cidade, do governo, da família. Todas essas instâncias devem trabalhar conjuntamente”, explica a especialista.
Rossandro Klinjey, educador e psicólogo e um dos sócios da edtech Educa, por exemplo, defende uma jornada da parentalidade, ao contrário das tradicionais reuniões de pais de janeiro e julho, adotadas há décadas. “A gente criou uma formação continuada para pais. Na jornada da parentalidade, temos conteúdo para toda a família”, conta, destacando que há material em diversos formatos, desde pílulas e podcasts até aulas completas de uma hora de duração.
Há possibilidade de se tratar desde problemas de crianças pequenas, como hábitos alimentares, até questões mais voltadas ao público adolescente, como o desejo de se tornar um digital influencer, diz o psicólogo.
“O adolescente tem uma necessidade de conexão muito grande. Jovens ou pessoas que conseguirem ter espaço para descobrir seu potencial e se reconhecer pertencentes têm muito mais segurança para protagonizar, para se colocar no mundo.”
Mariana Gauche, cofundadora e diretora do Instituto Elos.
Mais recursos
Embora o exagero do uso da tecnologia pela nova geração possa ser considerado parte do problema, também pode se tornar um aliado. Aplicativos de mensagens como o WhatsApp, por exemplo, têm sido cada vez mais utilizados para disseminar a comunicação entre responsáveis, direção da escola e professores. Isso tem permitido maior participação em conselhos de classe ou em atividades que envolvam a comunidade, desde festas e eventos nas escolas até mutirões de limpeza e conservação dos ambientes.
Programas que hoje estão em pleno desenvolvimento dentro do conceito de educação socioemocional surgiram, na verdade, do questionamento dos formatos antigos do ensino, que acabavam por trazer uma noção de não pertencimento. O Instituto Elos surgiu dessa inquietação e hoje a organização trabalha com o programa internacional Guerreiros sem Armas, de formação de jovens para a transformação mundial.
“O adolescente tem uma necessidade de conexão muito grande. Jovens ou pessoas que conseguirem ter espaço para descobrir seu potencial e se reconhecer pertencentes têm muito mais segurança para protagonizar, para se colocar no mundo”, afirma Mariana Gauche, cofundadora e diretora do Elos.
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