Artigo

Educação multicultural abre as portas do mundo

Escolas internacionais ou bilíngues proporcionam muito mais do que o aprendizado de um idioma

Por Maurício Oliveira

 

Ninguém discorda de que crescer bilíngue ou poliglota é um fator potencialmente decisivo para o futuro de uma criança, tanto no que diz respeito ao acesso a experiências quanto às perspectivas de oportunidades profissionais. Trata-se de uma habilidade que se torna ainda mais relevante no Brasil, onde o idioma nativo, o português, tem pouca relevância global – é apenas o 9º mais falado do planeta, com cerca de 235 milhões de praticantes, dos quais 85% são os próprios brasileiros.

Diante desse cenário, mães e pais que pretendem preparar os filhos para um mundo globalizado têm, como melhores alternativas, as escolas internacionais ou as bilíngues. É comum haver certa confusão entre os dois tipos de ensino, mas há diferenças marcantes entre eles.
Uma escola internacional segue o currículo do país com o qual mantém um termo de cooperação. Numa escola americana, por exemplo, as aulas são lecionadas em inglês e o ano letivo começa em agosto e termina em maio, de forma sincronizada com o calendário dos Estados Unidos. As tradições e até os feriados do outro país também são celebrados.

Já as escolas bilíngues seguem as diretrizes brasileiras de ensino, com ano letivo entre janeiro e dezembro, e têm um currículo único e integrado, com disciplinas ministradas tanto em português quanto no outro idioma. Isso envolve todas as etapas de ensino, integrando-se o aprendizado das diversas disciplinas ao aprimoramento das habilidades linguísticas. Também há imersão na cultura do país “parceiro”, mas sem dispensar a ênfase na realidade e nas tradições brasileiras.

 

“É importante ter claro quais são as características de uma escola bilíngue, pois há muitas que se intitulam assim quando apenas reforçam o ensino de outro idioma”
Kevin Sorger, presidente da Organização das Escolas Bilíngues (OEBi).

Aulas em inglês
“É importante ter claro quais são as características de uma escola bilíngue, pois há muitas que se intitulam assim quando apenas reforçam o ensino de outro idioma”, diz Kevin Sorger, presidente da Organização das Escolas Bilíngues (OEBi). Numa escola verdadeiramente bilíngue, várias disciplinas – como matemática, história, geografia e ciências – são ministradas no outro idioma, de forma equilibrada com o ensino em português.

“Há escolas que aumentam muito a carga horária das aulas de inglês, mas não se trata disso. Escolas bilíngues não têm apenas aulas de inglês, mas aulas em inglês”, enfatiza Sorger. Outro aspecto que mães e pais podem conferir ao visitar escolas é se as sinalizações, a exemplo de cartazes, placas e indicações de direção, estão na língua estrangeira, característica típica do ambiente imersivo criado pelas instituições bilíngues.

Em 2020, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu diretrizes para o ensino plurilíngue, regras que seguem à espera de homologação. Uma das exigências é que a instrução no idioma adicional alcance um patamar mínimo de participação em todas as fases do ensino – pelo menos 30% ao longo da educação infantil e do ensino fundamental, e 20% no ensino médio. “Nas nossas afiliadas, esses percentuais já são, em geral, bem mais altos”, diz Sorger.

A OEBi contabiliza cerca de 800 escolas verdadeiramente bilíngues no País, sendo que metade pertence a franquias e a outra metade corresponde a iniciativas isoladas ou que integram pequenas redes. Uma mudança significativa nos últimos cinco anos é que, antes fortemente concentrados nos grandes centros, estabelecimentos desse tipo já são encontrados em todos os Estados.

 

Custo é diferente
Como escolher entre uma escola internacional ou bilíngue? Em ambas as modalidades, os familiares não precisam ter conhecimento do outro idioma nem assumem qualquer incumbência de “reforço” em casa.

Pode-se dizer que as internacionais são mais adequadas às famílias que têm um alto nível de convicção de que, no futuro, mandarão a filha ou o filho para estudar no exterior. Se esse é um plano ainda não consolidado e há grandes chances de continuidade dos estudos no Brasil, a escola bilíngue surge como uma alternativa mais aberta, que também proporciona fluência num segundo idioma e contato com outra cultura, mas com um nível maior de ligação com o Brasil.

Além das características de cada modalidade, é claro que o custo pode ser um fator crucial para a tomada de decisão. De forma geral, as escolas internacionais costumam cobrar mensalidades superiores às das bilíngues – que, por sua vez, têm valores acima dos praticados pelas escolas convencionais.

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