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Artigo
Por Natália Mascarenhas
Brincar na escola vai muito além da recreação: é prática que garante descobertas, convivência e aprendizado. No dia a dia, seja em jogos, construções ou atividades coletivas, cada experiência amplia as habilidades cognitivas, sociais e motoras das crianças. É também um direito reconhecido por instituições oficiais, especialistas e valorizado pelas famílias.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em materiais publicados em 2023 sobre a primeira infância, destaca que, nos primeiros mil dias de vida da criança — ou seja, 2 anos e 8 meses —, o cérebro forma conexões em ritmo acelerado e que a brincadeira fortalece as bases cognitivas, emocionais e sociais. Já a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), obrigatória para todas as escolas do Brasil, reconhece o brincar como direito de aprendizagem.
A pedagoga e psicopedagoga Rossane Rosental, do Colégio Presbiteriano Mackenzie, em São Paulo, concorda que a brincadeira é central na aprendizagem. “É nela que a criança pesquisa, se expressa e constrói conhecimentos. Com objetivos pedagógicos claros, o professor identifica no brincar espontâneo oportunidades de intervenção e planeja novos percursos de ensino.”
Para muitas escolas, o brincar é a essência do processo educativo. “Cada interação ou experiência tem o poder de marcar a formação da criança. Toda brincadeira é descoberta, construção de saberes e expressão”, avalia Cris Leão, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Imaculado Coração de Maria, no Rio de Janeiro.
“Quando as famílias percebem os filhos mais autônomos, criativos e felizes, entendem o valor da proposta e passam a ser aliados da escola”
Cris Leão, coordenadora da Educação Infantil do Colégio Imaculado Coração de Maria
DIREITO DA CRIANÇA
A perspectiva das famílias mostra como essas vivências ultrapassam os muros da escola. Nilma Pinho, mãe de Zion Pinho dos Anjos, de 4 anos, aluno do Centro Municipal de Educação Infantil Cemei Suzana Campos Tauil, em São Paulo, percebe reflexos claros em casa. “Ele traz galhos e folhas, ensina a irmã a construir brinquedos e fala sobre a importância de cuidar da natureza.”
As aprendizagens aparecem também como Zion lida com frustrações. “Quando perde em jogos ou corridas, lembra que na escola também é assim: às vezes ganha, às vezes perde. Antes chorava muito; hoje entende melhor e consegue lidar com as emoções”, diz Nilma.
INOVAR BRINCANDO
É preciso lembrar que cada estímulo vivido na primeira infância pode marcar a formação da criança. “Quando as famílias percebem os filhos mais autônomos, criativos e felizes, entendem o valor da proposta e passam a ser aliados da escola”, diz Cris Leão.
Assim, entre diferentes abordagens, a diversão com propósito ganha cada vez mais espaço. “Brincar na escola é garantir o direito da criança de se desenvolver de forma natural, mais humanizada e afetiva”, conclui Nilma.
Foto: Adobe Stock