A busca pelo melhor sistema de ensino
Um modelo adequado que possa ser aplicado em diferentes escolas precisa ir além do material didático padronizado
Artigo
Por Maurício Oliveira
“A transição do espaço familiar para o espaço escolar dá muitas pistas sobre como a instituição entende o desenvolvimento socioemocional”
Beatriz Ferraz, psicóloga e doutora em Educação.
Quando se fala sobre o processo de adaptação a uma nova escola, costuma-se pensar especialmente nos pequenos, mais suscetíveis a estranhar mudanças no cotidiano. É por isso que a fase de adaptação na creche e na pré-escola costuma ganhar uma dimensão mais relevante nas preocupações da família e na preparação das escolas. “A transição do espaço familiar para o espaço escolar dá muitas pistas sobre como a instituição entende o desenvolvimento socioemocional”, diz Beatriz Ferraz, psicóloga e doutora em Educação.
O foco nas crianças menores não significa, no entanto, que crianças mais velhas e adolescentes não enfrentarão dificuldades ao ingressar em um ambiente escolar diferente. Trata-se de uma sensação universal, e que não atinge apenas estudantes: adultos podem lembrar com clareza das sensações de insegurança e estranheza ao começar em um novo emprego, por exemplo.
Acolhimento
Independentemente da idade da filha ou do filho, informar-se sobre os cuidados que a escola tem para acolher novos alunos e apoiá-los num momento potencialmente delicado é um aspecto que deve ser levado em conta pelas famílias ao prospectar o futuro local de estudo. A parceria entre escola e família é crucial para atravessar o processo de forma saudável.
“Um bom nível de preparação da escola para lidar com a fase de adaptação dos novos alunos é um dos três pilares que fazem esse processo ser tranquilo”, diz a pedagoga e consultora Erika Linhares. Os outros dois, ela descreve, são a disponibilidade da rede de apoio em acolher e acompanhar o processo, prestando o máximo de atenção e observando eventuais sinais de dificuldade, como tristeza ou introspecção, e o perfil da própria criança ou adolescente, que pode ser “despachado”, com uma atitude mais positiva diante dos receios naturais causado por mudanças, ou tímido e carente, com demanda maior por atenção e acolhimento. “O ideal é que esses três pilares funcionem bem, mas se dois deles estiverem ok, o processo será superado sem maiores complicações.”
Ela lembra que toda mudança envolve perdas e ganhos. “É importante absorver o lado ruim da mudança, entender que nada na vida é perfeito, e curtir o lado bom.” Por isso os pais devem valorizar e enfatizar os fatores positivos da chegada a uma nova escola, dando peso maior a esses aspectos do que às inevitáveis perdas, como a saudade dos antigos colegas ou a eventual ausência de algo que era oferecido pela escola anterior.
Um modelo adequado que possa ser aplicado em diferentes escolas precisa ir além do material didático padronizado
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COMPORTAMENTO
Atitudes da família e da comunidade escolar e atenção a sinais são chave para tornar a sala de aula um ambiente mais seguro para crianças e adolescentes