A busca pelo melhor sistema de ensino

Por Yuri Marques

Entre os tantos fatores que os pais levam em consideração na hora de escolher uma escola para os filhos, é cada vez mais frequente se preocupar com o sistema de ensino adotado. Afinal, um modelo educacional padronizado impacta a condução das aulas e direciona a aprendizagem dos alunos.

Criados entre as décadas de 1960 e 1970, quando a reforma universitária desencadeou uma unificação de muitos vestibulares, os sistemas de ensino hoje podem ser adotados em todas as fases da educação básica.

Se para alguns pais a obrigatoriedade do corpo docente seguir um sistema passa segurança pela garantia de que o conteúdo é padronizado, para outros, o risco da limitação pelo “engessamento” do conteúdo é uma preocupação.

Na rede pública
Apesar de ser mais rara, a adoção de sistemas de ensino por escolas públicas também já ocorre há algum tempo. A rede municipal de Piracicaba (SP), por exemplo, anunciou que passará a contar com um sistema integrado de ensino.
No site da secretaria de educação da cidade, o secretário Bruno Roza destaca que a aquisição de um novo sistema garantirá que os alunos da rede municipal tenham acesso a um material didático unificado e, consequentemente, às mesmas oportunidades e recursos, assegurando um universo de novas possibilidades e garantindo a formação qualificada aos professores.

“O que os pais precisam observar é se os professores, embora com as diretrizes dos sistemas de ensino, têm autonomia para tomar decisões na didática.”
Beatriz Cortese, mestre em Educação e diretora executiva do Cenpec – ONG.

É o melhor para o meu filho?
Quando você pensa em sistema de ensino, a primeira palavra que vem à sua cabeça é apostila? Se sim, não se sinta sozinho. No entanto, entusiastas garantem que, além do material pedagógico, as escolas podem optar por sistemas que também disponibilizem consultoria, formação, treinamento e eventos para professores e palestras para os pais. Nesses casos, a ideia é que o suporte aos educadores se reverta não só em qualificação de conteúdo, mas também em recursos didáticos que sejam facilitadores dos processos pedagógicos.

Especialistas alertam para um ponto de atenção importante a se considerar, que é a flexibilidade necessária para o bom desenvolvimento da aprendizagem. Para Beatriz Cortese, mestre em Educação e diretora executiva do Cenpec – ONG que desenvolve projetos e pesquisas focados na equidade e qualidade da educação pública –, um sistema rígido pode limitar a capacidade dos professores de adaptar as aulas de acordo com as necessidades e os interesses dos estudantes.

Beatriz ressalta que o rigor do padrão do sistema não pode fazer com que o professor deixe de dialogar com o que está acontecendo dentro da sala de aula. “O que os pais precisam observar é se os professores, embora com as diretrizes dos sistemas de ensino, têm autonomia para tomar decisões na didática.”

Padronizado até onde?
Então todas as escolas com o mesmo sistema de ensino são iguais? A resposta é: não!
E, para distinguir, é importante entender a diferença entre sistema e metodologia de ensino.

A metodologia, resumindo de maneira simplificada, é a técnica, a forma como os conteúdos são ensinados para os alunos. No Brasil, encontramos com facilidade tradicional, construtivista, montessoriana, waldorf, entre outras.

O sistema de ensino apresenta um conjunto de materiais pedagógicos padronizados para as escolas, como livros didáticos, conteúdos digitais e sistemas de acompanhamento da aprendizagem.

A primeira reflexão necessária é sobre o que você prioriza para o seu filho. A ideia é prepará-lo mais para enfrentar diferentes aspectos da vida? O mais importante é o desempenho que terá em processos seletivos? Dependendo da resposta, avalie se a metodologia e o sistema de ensino vão no caminho desejado.