A busca pelo melhor sistema de ensino
Um modelo adequado que possa ser aplicado em diferentes escolas precisa ir além do material didático padronizado
Artigo
Por Maurício Oliveira
“Já não basta ter conhecimento técnico, ser muito bom naquilo que se faz. É preciso saber como se relacionar com as outras pessoas e com a sociedade de forma geral”
Marta Gonçalves, psicopedagoga
1 – Colaboração
Trata-se de ajudar outra pessoa a alcançar determinado resultado. Nas atividades esportivas, isso é conhecido como “assistência” – dar um passe para um companheiro fazer um gol, no futebol, ou levantar a bola para alguém cortar, no vôlei. Colaboração envolve a percepção de que nem sempre seremos protagonistas.
2 – Liderança
Muitas vezes será preciso assumir o papel de liderança diante de uma determinada situação ou projeto. As equipes no mercado de trabalho estão cada vez mais fluidas, com o papel de líder se tornando transitório entre os projetos. É importante que as escolas fomentem essa característica em todos os alunos, especialmente aqueles que parecem menos propensos a assumir o protagonismo.
3 – Trabalho em equipe
Muitos projetos envolvem divisões de tarefas. O resultado depende da realização de cada tarefa no prazo e com a qualidade necessária. Essa prática tem sido reforçada pela chamada cultura maker, também conhecida como “faça você mesmo”, adotada por um número cada vez maior de escolas.
4 – Comunicação
É normal que as pessoas tenham visões diferentes sobre uma determinada questão ou um problema. É preciso saber como comunicar o próprio ponto de vista e estar aberto para ouvir e eventualmente absorver aspectos dos argumentos apresentados pelas outras pessoas. A criação conjunta de uma peça de teatro é um ótimo exercício para situações desse tipo.
5 – Pensamento crítico
Abrir espaço para questionamentos e reflexões é fundamental em um mundo cheio de informações verdadeiras e falsas. Propostas que envolvam essas discussões em grupo exercitam o pensamento crítico. A complexidade do mundo permite vários caminhos para chegar a um mesmo resultado – ou a um resultado diferente do imaginado, o que pode abrir novas perspectivas.
6 – Empatia
Voluntariado é um bom caminho para desenvolver desde cedo a percepção sobre as desigualdades do mundo e a capacidade de se colocar no lugar do outro. Uma das missões da educação é transformar as crianças em futuros agentes de transformação do mundo. Para isso, é preciso que entendam a relação entre os privilégios de alguns e as dificuldades de muitos.
7 – Resiliência
Deparar com adversidades é algo inevitável ao longo da vida, mas a forma como lidamos com as dificuldades diz muito sobre quem somos. Resiliência é a capacidade de manter-se “no prumo” emocional enquanto os problemas são enfrentados. O termo vem da física e diz respeito à propriedade de certos materiais de voltar ao estado normal depois de sofrer deformações.
8 – Criatividade
O mundo exigirá, cada vez mais, soluções novas, diferentes daquelas que já foram pensadas, ou seja, capacidade de inovar. Exercícios de escrita criativa (a partir de questões como “Imagine que você é uma borboleta e descreva como foi o seu dia”) são um exemplo de fomento à criatividade das crianças e dos adolescentes.
9 – Atitude positiva
Esse atributo diz respeito a tomar a iniciativa diante de situações que pedem ação (proatividade) e, também, a enfrentar os desafios de forma positiva. Trata-se de encontrar o meio-termo entre ser exageradamente otimista ou pessimista.
10 – Ética
Além da família, a escola tem papel central na construção de cidadãos conscientes e responsáveis – a ética é o maior patrimônio que uma criança poderá levar vida afora. “A educação é um gesto de construção da humanidade. Ninguém nasce humano, apenas carrega características da espécie. A gente se torna humano por um processo educativo”, diz a professora de filosofia Terezinha Azerêdo Rios, autora do livro Ética e Competência.
Um modelo adequado que possa ser aplicado em diferentes escolas precisa ir além do material didático padronizado
Contraturno
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