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Mudança, que também vale para outras instituições federais e estaduais de São Paulo, vale a partir de 2025; ideia é também ter uma pós-graduação menos acadêmica
Por Renata Cafardo - editada por Mariana Collini
A partir de 2025, a pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP) e em mais cinco instituições públicas de ensino superior paulistas – estaduais e federais – vai ficar mais rápida e menos voltada para a academia. O estudante poderá mudar diretamente para o doutorado depois de um ano de mestrado, o que deve reduzir o tempo para se formar doutor, dos atuais cerca de nove anos para cinco anos.
Também assinam o protocolo:
• Universidade Estadual Paulista (Unesp);
• Universidade Estadual de Campinas (Unicamp);
• Universidade Federal de São Paulo (Unifesp);
• Universidade Federal do ABC (UFABC);
• Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A medida autoriza a reformulação dos cursos, algo inédito desde a década de 1960, mas não obriga que todos os programas de pós dessas instituições façam essa flexibilização.
“Pelo formato mais austero, hierarquizado, atualmente a perspectiva é a de formação de professores para universidades, o que é ótimo. Mas também há alunos que querem trabalhar na indústria, com inovação, empreendedorismo, montar uma startup”, diz o pró-reitor de pós-graduação da USP, Rodrigo Calado
“Precisamos oferecer também essas trilhas formativas mais voltadas para a sociedade, para além da academia”, acrescenta. Segundo ele, a ideia surgiu na USP e foi difundida para as outras instituições.
A intenção é também a de atrair mais estudantes para a pós, cujo número de matriculas vem caindo cerca de 5% nos últimos anos na instituição. Mesmo assim, a USP é responsável pela maior parcela de doutores formados no País.
O Brasil tem 319 mil estudantes de pós-graduação, número que vem se mantendo estável desde 2019. Em comparação com os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa de doutores ainda é baixa n País. São 11,3 doutores para cada 100 mil habitantes, quando na OCDE o índice é de 21,9.
O novo modelo que será implementado foi inspirado em países como Austrália, Alemanha e Inglaterra, diz Calado. Hoje, nas universidades brasileiras, em geral, o tempo para se formar mestre chega a quatro anos e, para se formar doutor, outros quatro. Contando com pelo menos um ano entre uma titulação e outra, chega-se a nove anos de pós. “É muito tempo e isso desestimula”, afirma o pró-reitor.
A reformulação dos programas também exige que haja um primeiro ano de curso interdisciplinar, ou seja, que envolva outras áreas de conhecimento que não só a que o aluno cursou na graduação. No fim deste primeiro ano do mestrado, os estudantes farão um exame de qualificação e terão seu projeto de pesquisa avaliado. Se aprovados, nesse momento poderão optar por seguir no mestrado (para conclusão em um ano) ou convertê-lo em doutorado (para conclusão em até quatro anos).
“O mestrado era visto como quase ‘treino’ para o doutorado, o que o desvalorizava. Agora ele terá função mais final, com preparação para o mercado de trabalho docente ou aprofundamento do conhecimento numa área profissional”, afirma Calado.
Segundo a USP, a medida tem também o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que se comprometeram a adaptar as bolsas para os pesquisadores às mudanças.
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Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
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