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Por Estadão Blue Studio
A transição entre a educação básica e o ensino superior ainda é traumática no Brasil. De forma simultânea, o jovem, no 3º ano do ensino médio, precisa segurar muitos “pratinhos de responsabilidade”.
Além de boas notas para concluir a etapa, o estudante encara a trilha de preparação para o vestibular. E existe ainda, talvez, a parte mais complexa: a obrigação de decidir o próprio futuro, incluindo a escolha da profissão, aos 16 ou 17 anos.
A preparação do jovem para o futuro, segundo educadores, exige, hoje, mais do que conteúdo. É preciso inserir em sala de aula ferramentas socioemocionais para ajudar os estudantes a encarar a frustração, a ansiedade, a falta de concentração, o imediatismo e os efeitos da falsa realidade criada pelas redes sociais.
Lá fora, seja nos Estados Unidos ou na Europa, não são apenas as boas notas que contam. Ter bom relacionamento interpessoal e habilidades para além do currículo é fundamental. Por isso, o desafio é formar o jovem de forma integral, salientam os professores.
Quem é você?
A Camino School, localizada na Barra Funda (bairro da zona oeste de São Paulo), terá a sua primeira turma de 3º ano do ensino médio em 2025 – o colégio foi criado em 2020.
Mas as bases para uma transição suave da educação básica para o ensino superior vêm sendo construídas desde o 9º ano do ensino fundamental. O colégio é trilíngue (ensina português, inglês e espanhol), e as aulas são integrais.
Ana Paula Martins, diretora pedagógica da Camino, explica que, no 9º ano, os alunos são incentivados a estruturar um projeto pessoal, que, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é tido como Projeto de Vida. A BNCC é um documento que as escolas precisam seguir para elaborar currículos escolares e propostas pedagógicas da educação infantil ao ensino médio.
“Nesse projeto, eles vão definir o que buscam para o futuro: fazer uma faculdade no Brasil ou no exterior.” Sob mentoria, explica Martins, os estudantes não são obrigados a tomar uma decisão imediata, que também não é definitiva. “Mas construída em conjunto. E isso exige tempo porque eles estão em um projeto de autoconhecimento”, salienta.
A mudança de país não é descartada nem mesmo para quem não tem condições de pagar os custos. Entram, nesse caso, as bolsas, que são “caçadas” pelo colégio em organizações e instituições filantrópicas. O estudante que decide pela formação “gringa” precisa montar portfólio e aprimorar habilidades que são exigidas para além do currículo tradicional, como fazer trabalho comunitário.
No caso do Senac São Paulo, o “Projeto de Vida” tem muita aderência entre os jovens, diz Fernanda Yamamoto, coordenadora do ensino médio técnico da instituição. “A partir de atividades trabalhadas com o professor-tutor, eles elaboram suas próprias narrativas, o que os ajuda a descobrir sonhos, pensar no curso que irão escolher e o que fazer para atingir esse objetivo”, salienta.
De feiras de carreira à COP
A dupla titulação também é realidade no Colégio Magno, com três unidades na capital paulista. Cerca de 200 alunos estão em busca de um segundo diploma neste ano. As aulas são ministradas por professores nativos e capacitados por uma universidade americana parceira.
Cláudia Tricate, diretora-geral do Magno, diz que nem todo aluno que passa pelo ensino internacional sai do país. “Eles veem valor nessa formação, que pode ajudá-los, inclusive, em universidades no Brasil com aulas em inglês”, afirma.
A educação é internacional no Visconde de Porto Seguro, colégio com unidades em São Paulo e Valinhos (SP). Os alunos têm aulas em inglês, espanhol e alemão. Uma parte dos que concluíram o ensino médio em 2023 ingressou neste ano em universidades de 15 países, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Hungria.
Além da proficiência em outro idioma, o estudante faz simulados de testes realizados em universidades estrangeiras e tem imersão na cultura do país em que vai cursar faculdade, aponta Mauritius von Dubnitz, diretor de Relações Institucionais do Visconde de Porto Seguro. “Temos uma atividade chamada de ‘sala global’, onde eles se conectam com estudantes dos cinco continentes do mundo para debater um determinado tema da atualidade”, exemplifica Dubnitz.
Pesquisar é preciso
Saber escolher pressupõe saber pesquisar, segundo Lucas D’Nillo Sousa, coordenador de Aconselhamento Universitário e de Carreira na Beacon School, escola bilíngue com 1.400 estudantes em São Paulo. “Saber o tamanho do câmpus, a metodologia da universidade e até questões sobre a cultura e o clima local torna o processo de internacionalização mais assertivo”, ressalta.
Do lado dos professores, a novidade é a formação na área de “counseling educacional”. “É o educador que orienta o estudante a encontrar a universidade certa em qualquer lugar do mundo”, explica Lara Crivelaro, fundadora da Efígie Educacional, que desenvolveu o curso de pós-graduação da área ministrado na Facamp – Centro Universitário de Campinas.
“É este profissional que monitora onde estão as bolsas de estudo. Só um dado: a Colômbia fica com 40% das bolsas para a América Latina. Não tem segredo: a educação internacional, por lá, é uma política pública. O Brasil está muito atrasado nesse processo”, adverte Crivelaro.
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Foto: Getty Images
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