Ainda pouco conhecida, uma nova forma de fazer faculdade vem ganhando espaço. Nas chamadas graduações interdisciplinares, a ideia principal é iniciar a formação dos alunos com um ciclo de conhecimentos básicos em uma grande área, oferecendo em seguida flexibilidade na escolha de em qual carreira se especializar. Para vestibulandos ainda com dúvidas na hora de se inscrever em um curso, é uma opção.
Inicialmente, esse tipo de formação começou a ser ofertado em algumas universidades federais. Foi a Universidade Federal do ABC (UFABC), criada em 2005 na região do ABC Paulista, que lançou o primeiro Bacharelado Interdisciplinar do Brasil. Hoje, segundo os dados levantados no Guia da Faculdade deste ano, já são 38 instituições que oferecem quase 100 cursos interdisciplinares no País, inclusive em algumas instituições privadas das Regiões Sul e Sudeste.
A formação mais generalista nos primeiros anos da faculdade segue uma tendência cada vez mais valorizada no mercado de trabalho. “Os alunos aprendem a analisar informações de diversas disciplinas, identificando padrões, conexões e contradições. São incentivados a questionar premissas e a avaliar argumentos de maneira crítica, promovendo a resolução de problemas complexos, o trabalho em grupo, a integração do conhecimento, a liderança e a gestão”, explica Jussara Goulart da Silva, coordenadora do curso de Administração da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais.
“A interdisciplinaridade é essencial para enfrentar os desafios contemporâneos e está se tornando um ativo valioso tanto no ambiente de trabalho quanto na comunidade em geral”
– Prof. Estélio Henrique Martin Dantas
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)
NA PRÁTICA
Após a finalização do ciclo básico, os graduados têm a possibilidade de complementar o curso com as áreas específicas, que também são conhecidas como “opcionais”. Enquanto nos cursos tradicionais os alunos seguem uma estrutura curricular mais rígida do começo ao fim, nos interdisciplinares eles podem definir o caminho que querem seguir a partir dessas opcionais. Com a vantagem de ganharem mais tempo e maturidade para escolher no que pretendem se especializar.
Outro ponto positivo é a chance de se formar em várias graduações em um prazo de tempo menor. Em algumas instituições, por exemplo, é possível sair com o diploma de três cursos diferentes em 10 anos de estudo, o que, numa formação tradicional, levaria de 12 a 15 anos. Para o professor Estélio Henrique Martin Dantas, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a interdisciplinaridade é essencial para enfrentar os desafios contemporâneos e está se tornando um ativo valioso tanto no ambiente de trabalho quanto na comunidade em geral.