Aulas gravadas proibidas no mestrado e doutorado, confira o que você precisa saber

Nova portaria deve ser divulgada semana que vem e permite apenas a interação síncrona em pós graduação stricto sensu

Por Renata Cafardo - editada por Mariana Collini

9 de dezembro de 2024

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) deve divulgar na próxima semana uma nova portaria regulamentando o ensino híbrido na pós-graduação no País. A nova norma vai proibir aulas assíncronas em mestrado e doutorado, ou seja, aquelas que são gravadas e assistidas pelos alunos em qualquer horário.

“O Brasil não pode continuar vendendo diploma. Ministrar um curso com aulas gravadas sem nenhum professor acompanhar, sem que haja nenhum tipo de interação síncrona”, afirmou a presidente da Capes, Denise Pires de Carvalho, referindo-se ao que ocorre frequentemente na graduação no País.

“Na pós-graduação, é mais difícil ainda, porque você precisa de um produto final, original, e é muito difícil com um estudante sozinho assistindo aulas.” A Capes é um órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC).

A regra vai permitir, no entanto, que haja ensino híbrido no modelo presencial, com aulas síncronas, com interação com o professor ou orientador – feitas por ferramentas como Google Meet, Zoom etc. Essas aulas poderão ser contadas como créditos da pós-graduação.

Já as assíncronas, não. “O professor pode até gravar e disponibilizar para o aluno assistir quantas vezes quiser, mas não pode contar para a carga horária”, explica Denise, que já foi reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo ela, a portaria não vai determinar a quantidade de aulas que podem ser feitas por meio de tecnologia. Para Denise, programas de pós híbridos, com aulas síncronas, devem ser uma tendência cada vez maior no País com a popularização das ferramentas tecnológicas, o que não é um problema “principalmente naqueles que não têm muito trabalho de campo experimental”.

Educação a distância
O País tem hoje apenas um curso de pós graduação stricto sensu em educação a distância aprovado, no Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio (Cefet-RJ). Uma das exigências é de que 40% das atividades precisam ser presenciais, de orientação, pesquisa e aulas.

Já na graduação, em 20 anos, o número de alunos foi de cerca de 50 mil para quase 5 milhões – concentrados nos maiores grupos de ensino superior privados e grande parte em cursos de Licenciatura.

Este ano, o MEC proibiu a abertura de polos, autorização de novos cursos e a expansão de vagas nas formações que já existem até 2025.

Segundo o Estadão revelou, o ministério quer regulamentar uma nova modalidade de ensino no País: a educação semipresencial. A proposta prevê que esses cursos tenham em sua composição, além da carga horária presencial e a distância, aulas ao vivo por vídeo, com turmas de até 50 alunos.

A medida é parte das mudanças previstas pelo MEC no marco da educação a distância na graduação, que deve ser divulgado em dezembro. A pasta afirma ter desenhado o plano com base em ampla escuta do setor.

A proposta também inclui a exigência de aplicação de provas presenciais a cada 10 semanas em cursos EAD.

A nova regra divide opiniões no setor privado, principal responsável pela oferta EAD. Parte do setor considera as medidas um retrocesso por “engessar” a modalidade. Já outros representantes consideram que as mudanças são positivas por ordenar um mercado que estava bagunçado.

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Foto: Ievgen Chabanov

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