Inteligência Artificial

IA: o futuro já chegou

Para quem vai iniciar o ensino superior, o avanço da inteligência artificial pode ser tanto uma oportunidade quanto um desafio

Por Juliana Gottardi

17 de outubro de 2024

Se você olhar ao redor, vai perceber que a inteligência artificial já está por todos os lados: ela escreve textos, ajuda os profissionais da saúde a tomar decisões, faz planejamento estratégico de empresas, atende os clientes do varejo e, claro, está transformando diversas áreas do conhecimento e todo o mercado de trabalho. “A IA chegou para ficar. Ou você domina ou fica para trás, independentemente da área que atua”, afirma o professor Anderson de Rezende Rocha, do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Os estudantes que estão escolhendo a carreira e as universidades onde pretendem estudar estão de olho nisso, como mostra a pesquisa Inteligência Artificial na Educação Superior, realizada em julho deste ano pela Educa Insights em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes). Para 74% dos interessados em cursar uma graduação e entre aqueles que já são estudantes do ensino superior, é importante que as instituições invistam em inteligência artificial.

E as universidades, claro, começaram a inovar para oferecer o que os estudantes desejam. Em cursos da área tecnológica, como Ciência da Computação e Engenharia da Computação, já estão sendo oferecidas disciplinas como Inteligência Artificial Explicável, Aplicações de Inteligência Artificial, Aprendizagem de Máquina e Redes Neurais, e Aprendizagem em Profundidade.

Segundo o professor André Carlos Ferreira de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP), existem vários caminhos a serem seguidos pelos estudantes. “Se a ideia é desenvolver inteligências artificiais, os cursos de Ciência de Dados e Ciência da Computação são boas apostas. Caso a pretensão seja utilizar a IA como apoio no desenvolvimento de tecnologias, vale a pena investir em Engenharia”, aconselha.

Algumas instituições foram além, apostando em cursos inteiros de graduação com foco em inteligência artificial. No Guia da Faculdade deste ano, foram catalogados quase 50 cursos em todo o País, um aumento de mais de 30% em relação a 2023. São graduações que combinam teoria e prática, abordando desde algoritmos e linguagens de programação até a ética e as implicações sociais da inteligência artificial, e sendo oferecidas até em algumas universidades federais.

Um exemplo é o curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial, oferecido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ), PUC-SP, Ibmec-MG, entre outras instituições, que mescla o conhecimento sobre IA com análise de dados. Há ainda graduações que investem em outras vertentes, como Inteligência Artificial Aplicada (PUC-PR) e Inteligência Artificial e Engenharia de Software (Universidade Federal do Paraná).

O curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial da FGV-RJ foi lançado em 2020 e teve sua primeira turma formada no final do ano passado, credenciando-se para ser avaliado pelo Guia da Faculdade este ano. Estudante do sexto semestre, George Dutra tinha interesse na área de exatas, mas ainda não tinha decidido qual seria a graduação que faria. “Acredito que sou uma exceção no meu curso, pois, diferentemente da maioria dos alunos, eu nunca havia tido contato direto com programação antes da faculdade. Sempre fui ligado em tecnologia, adoro jogar no computador desde novo, mas me limitava a isso. Por isso não procurava exatamente cursos como Engenharia da Computação.”

Segundo George, o dia a dia do curso é puxado, com uma rotina pesada de estudos, mas está convicto da sua escolha e confiante quanto ao mercado de trabalho e a possibilidade de trabalhar em grandes empresas do Brasil e do mundo.

O impacto da IA nas profissões

Para os jovens que estão escolhendo qual carreira seguir, tão importante quanto estar atento às oportunidades criadas pela IA é acompanhar como ela pode mudar o mercado de trabalho nos próximos anos. No ano passado, o Goldman Sachs lançou o relatório The Potentially Large Effects of Artificial Intelligence on Economic Growth (Os potenciais efeitos da inteligência artificial no crescimento econômico). No material, especialistas do banco indicaram que, em países mais desenvolvidos, dois terços das ocupações estavam expostos a algum tipo de automação trazida pela IA, sendo que 25% das atividades já poderiam ser totalmente automatizadas nos Estados Unidos. Na média global esse índice seria de 18%.

Em janeiro deste ano, foi a vez de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), umas das principais universidades norte-americanas, divulgarem um estudo mostrando resultados semelhantes: 23% dos trabalhadores dos EUA poderiam ser substituídos com o avanço da IA. Na pesquisa intitulada Beyond AI Exposure (Além da exposição à IA), eles trazem que o avanço da automatização só não é maior devido aos custos ainda muito elevados do desenvolvimento de sistemas de IA.

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