Universidade ainda é passaporte para o mercado de trabalho
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De acordo com a OMS, cerca de um terço dos estudantes universitários enfrenta transtornos psicológicos ao longo da formação
Ana Carolina Campos de Carvalho, 21, estudante do 2º ano de Jornalismo da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), começou a perceber que as aulas já não despertavam mais o mesmo entusiasmo do começo do curso. “Um dos primeiros sinais foi meu mau desempenho nas disciplinas. O prazer de estar em um lugar que eu amava começou a desaparecer.”
No semestre passado, a jovem iniciou um estágio e sua rotina se intensificou. “Era como se eu vivesse no automático, tamanha a correria. Acordava, escovava os dentes, me vestia, tomava café e ia para a faculdade. Após as aulas, voltava para casa, mal almoçava e já entrava no trabalho. Saía às 20h, tomava banho e dormia. Às vezes, nem jantava”, lembra. O desgaste emocional e físico logo se tornou evidente e Ana começou a sofrer com enxaqueca, falta de apetite e até apagões mentais, como antes da apresentação de um trabalho. “Foi uma sensação de desmaio.”
Preocupada, a universitária buscou ajuda médica, recebeu o diagnóstico de burnout, foi orientada a desacelerar e resolveu deixar o estágio. Ana Carolina não está sozinha. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um terço dos estudantes universitários enfrenta transtornos psicológicos ao longo da formação, sendo ansiedade e depressão os mais comuns.
Para o psiquiatra Gustavo Estanislau, pesquisador da Unifesp e do Instituto Ame Sua Mente, a entrada na faculdade representa um momento de mudança para os jovens. “Na escola, eles têm a proteção dos professores e o suporte dos pais. Na universidade, essa transição entre a adolescência e a vida adulta se torna mais evidente, o que pode gerar uma sensação de insegurança.”
As pressões acadêmicas, especialmente intensificadas com atividades em grupo e a elaboração do temido Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), frequentemente encontram alunos que ainda não estão preparados. Muitos deles, por falta de maturidade, enfrentam dificuldades em se relacionar com os colegas. “O desenvolvimento das competências socioemocionais é crucial. Elas formam um conjunto de habilidades que permitem lidar melhor com desafios, fracassos e oportunidades”, explica Estanislau. Segundo ele, os estudantes que cultivam essas competências durante toda a vida tendem a interagir de forma mais eficiente, enfrentando com mais facilidade a frustração e os conflitos que surgem ao longo do percurso acadêmico.
Alunos que enfrentam jornadas duplas, equilibrando estudos, estágios e, muitas vezes, empregos, podem ser os mais vulneráveis. “Esses estudantes carregam uma responsabilidade adicional que pode levar à sobrecarga. Isso dificulta a concentração e a motivação. É preocupante, pois, em cursos mais longos, essa falta de engajamento pode resultar em evasão”, alerta.
Como os universitários podem cuidar da saúde mental?
Qualidade do sono: Estudar até de madrugada pode parecer produtivo, mas o sono é crucial para a consolidação de memórias. Durante o descanso, o cérebro recarrega as energias e organiza as informações adquiridas. Priorize uma boa noite de sono!
Estabelecer rotina: Criar uma rotina com horários regulares para dormir e acordar traz previsibilidade ao dia, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade que surgem diante de imprevistos.
Atividade física: Exercícios regulares estimulam a produção de endorfina, que ajuda a combater o estresse e a ansiedade. Com o início da faculdade, muitos alunos deixam de se exercitar. Tente não abandonar essa prática!
Atividade social: Para estudantes que estão longe da família, interagir socialmente pode ser um desafio. A socialização é fundamental para se sentir conectado à faculdade e reduzir a angústia.
Alimentação: Preste atenção na sua dieta. Opte por alimentos frescos e mantenha-se hidratado. Evitar ultraprocessados e alimentos ricos em açúcar e farinha pode prevenir picos e quedas de energia.
Excesso de tecnologia: Cuidado com o uso excessivo de tecnologia e redes sociais. A presença do celular no quarto pode diminuir em 20% a capacidade de concentração. Desconecte-se de vez em quando para evitar a sobrecarga de estímulos e o estresse associado.
Busque ajuda: Se perceber que está perdendo o controle sobre os pensamentos, com preocupações excessivas ou falta de prazer nas atividades, é hora de procurar ajuda. Fique atento a alterações no sono, apetite, peso e desconexão das aulas e colegas. O psicólogo é o profissional indicado para fazer a triagem e definir o melhor encaminhamento, incluindo a necessidade de um psiquiatra, se necessário.
Fonte: Gustavo Estanislau, psiquiatra
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