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Test drive profissional

Empresas juniores auxiliam os universitários nos primeiros passos da carreira

Por Caio Volpe Arnoni

30 de outubro de 2025

Imagine a oportunidade de, já nos primeiros semestres na faculdade, viver na prática a experiência de tocar o dia a dia de um negócio, mapeando mercados, desenvolvendo projetos e atendendo clientes reais. As empresas juniores proporcionam tudo isso e estão presentes nas principais universidades do País, sejam elas públicas ou privadas. São mais de 1,5 mil organizações, gerando um faturamento que superou R$ 80 milhões em 2024, segundo a Brasil Júnior, entidade que funciona como uma espécie de confederação brasileira do setor.

Uma empresa júnior é uma associação sem fins lucrativos, desenvolvida no ambiente universitário e onde os alunos prestam majoritariamente serviços de consultoria nas mais diversas áreas. Não há restrições sobre em quais segmentos elas podem atuar, mas em alguns cursos elas se destacam mais, como Engenharia, Administra­ção, Economia e Psicologia . “Também há um crescimento recente na área da comunicação”, aponta Caio Leal, presidente executivo da Brasil Júnior.

Apesar da possibilidade de faturamento e da realização de projetos com clientes reais, os estudantes não podem ser remunerados. O valor arrecadado é reinvestido na própria capacitação dos membros, eventos e outros possíveis benefícios aos estudantes.

Da Administração à Engenharia
Fundada em 1988, a Empresa Júnior da Fundação Getúlio Vargas (EJFGV) é considerada a primeira da América Latina – no mundo, as iniciativas pioneiras surgiram na França, na década de 1960. Oferecendo serviços de consultoria estratégica, a EJFGV faturou aproximadamente R$ 700 mil em 2024. Devido à sua tradição, os alunos que lá atuam não apenas têm a oportunidade de vivenciar a experiência de oferecer consultorias reais para clientes como também conseguem abrir portas mais facilmente no mercado de trabalho.

Outra entidade tradicional é a Mauá Júnior. Ligada ao Centro Universitário Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano (SP), ela presta serviços de consultoria em múltiplos campos de engenharia e também nas áreas de administração, tecnologia e design. Em 2024, ela faturou R$ 205 mil. Uma das principais parcerias realizadas pela empresa foi com a Mobibrasil, companhia que realiza a manutenção dos ônibus da cidade de São Paulo. Nesse caso, a Mauá Júnior foi contratada para organizar e otimizar as operações da empresa de transporte.

Na maioria dos casos, como ocorre na EJFGV e na Mauá Júnior, há uma preferência por estudantes que estão nos primeiros semestres. Entre múltiplas fases, as duas instituições apresentam no processo seletivo uma etapa de teste de fit cultural e outra com uma dinâmica em grupo para resolução de casos. Além disso, na EJFGV ainda há um teste de lógica e entrevista individual.

“Mas para mim é uma troca que vale a pena. De vez em quando estou vendo na prática algo que a minha professora está falando e prefiro fazer aqui para um projeto real”
Giovanna Pellizzer, diretora de Relações públicas da empresa júnior da FGV.

Rotina puxada

Quem consegue passar no funil de seleção vai encontrar um dia a dia de atividades que varia de acordo com seu cargo na empresa júnior e com sua inclinação para participar de um ou mais projetos em andamento. O chamado período de trainee, logo após a entrada na entidade, tende a ser o que demanda mais tempo do estudante.

O objetivo final é passar para o cliente que acionou a empresa júnior uma proposta de solução para o problema apresentado, o chamado ‘entregável’. Apesar dos inúmeros benefícios na formação profissional que a entrada numa empresa júnior traz, muitas vezes isso também vem atrelado a algumas privações, como menos tempo de lazer. Também pode ficar mais difícil acompanhar todas as demandas acadêmicas das demais disciplinas do curso, o que, na prática, pode levar a perda de aulas. “Mas para mim é uma troca que vale a pena. De vez em quando estou vendo na prática algo que a minha professora está falando e prefiro fazer aqui para um projeto real”, diz Giovanna Pellizzer, diretora de Relações públicas da empresa júnior da FGV.

Foto: Adobe Stock

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