Demanda por talentos em TI cresce e impulsiona o mercado

Os cursos voltados à área de tecnologia estão em alta – e seguem ganhando contornos mais específicos para atender às necessidades do mercado. Segundo dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), até 2025, o Brasil deverá demandar aproximadamente 797 mil novos profissionais na área de Tecnologia da Informação, com 159 mil novas vagas por ano. No entanto, apenas 53 mil estudantes se formam na área anualmente.

Para o professor John Paul Hempel Lima, coordenador acadêmico do curso de graduação tecnológica em Inteligência Artificial do Centro Universitário Fiap, o mercado de trabalho para profissionais de IA é promissor, com uma demanda crescente por especialistas que possam liderar e desenvolver soluções, já que muitas empresas estão em processo de transformação digital. Criado em 2020, o curso tem dois anos de duração e formação como tecnólogo. “Empresas de tecnologia, indústrias, bem como setores de saúde, finanças, varejo e agronegócio, estão entre as que mais buscam esses profissionais”, diz.

A Fiap não é a única instituição a criar um curso focado nesse mercado. No Senac São Paulo, o curso para formação de técnicos em inteligência artificial está em desenvolvimento e deve ser lançado em 2025 na modalidade presencial, mas há várias opções em Tecnologia da Informação, nas áreas técnicas, de graduação ou livres. Segundo Gabriela Abdul-Hak Fitere, gerência de desenvolvimento da área, só no segmento de inteligência artificial são 23 cursos disponíveis, seis programados para lançamento em 2024 e mais oito em desenvolvimento para 2025.

De acordo com Gabriela, o segmento é tão importante que está presente em todos os cursos da instituição, independentemente da área de atuação. “Esses cursos capacitam profissionais para se adaptar rapidamente às mudanças no ambiente de trabalho, estimulam o empreendedorismo, diminuem a lacuna digital e promovem o aprendizado contínuo”, diz.

No UniSenai, em Florianópolis (SC), o curso de Defesa Cibernética foi criado há um ano em razão de outra demanda: a da busca por profissionais especializados em segurança digital. “Com o avanço da Indústria 4.0, a neoindustrialização e o aumento da digitalização de processos, as ameaças cibernéticas têm se tornado mais complexas e frequentes, em que novas brechas são descobertas. Identificamos uma lacuna na formação de profissionais especializados”, afirma o professor Valério Piana Junior, coordenador do curso. O mercado é amplo, com foco em indústrias, empresas de tecnologia e de e-commerce, instituições financeiras, entre outras.

Comunicação é aliada da tecnologia
Ter conhecimentos em tecnologia se mostra essencial no mercado mesmo para quem não pretende trabalhar na área. “O mercado está cada vez mais impulsionado pelas inovações tecnológicas e exige que os profissionais se adaptem a esse novo cenário desafiador e às profissões do futuro”, afirma Alexandre Ferreira da Silva, coordenador do curso de Digital Influencer da Cruzeiro do Sul Virtual.

Desenvolvido em 2023, o curso foi implantado em 2024. “A graduação aborda a formação de um comunicador, a partir de questões tecnológicas, que permitem que ele esteja apto a criar, produzir e compartilhar seus conteúdos”, diz. As disciplinas incluem desde semiótica e antropologia até empreendedorismo, Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), análise de dados e ética e legislação, algo que, segundo Silva, foi uma preocupação na hora de formular o curso. Sobre a área de atuação, ele diz que boa parte dos influenciadores digitais trabalha fazendo publicidade para marcas usando suas redes sociais, mas há também quem tenha o próprio negócio e use as redes para alavancar as vendas.

Camilly Alves, de 21 anos, sonhava com uma carreira na área de saúde. Pensava em ser médica e, enquanto não conseguia realizar o sonho, decidiu fazer o curso de Enfermagem. No entanto, ela achava que ter conhecimento sobre programação seria fundamental no futuro, qualquer que fosse sua área de atuação, e decidiu fazer o curso em paralelo. “Muitos cirurgiões hoje operam com o auxílio de robôs. Achei que era importante me preparar com esse tipo de conhecimento”, afirma. Por fim, ela se apaixonou pela área de tecnologia. Largou a Enfermagem, saiu do Recife e veio para São Paulo fazer o curso de Inteligência Artificial no Centro Universitário Fiap. “É um curso que exige muita dedicação”, diz ela, que vai se formar no fim do ano e conseguiu um estágio logo nas primeiras semanas do curso.

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