Empreendedorismo

Universidades brasileiras viram berço de startups

Para jovens, empreender se torna uma opção de carreira

Por Amanda Nonato

17 de outubro de 2024

As startups têm conquistado um espaço cada vez maior em diversos setores da economia. No Brasil, já somam mais de 12 mil, segundo relatório de 2023 da Cortex Intelligence em parceria com a rede de empreendedorismo Endeavor. Ativas em áreas como educação, finanças e saúde, essas empresas deram um salto significativo desde o ano 2000, quando havia pouco mais de 300 startups no País.

Para muitos estudantes, empreender é uma opção de carreira. Parte dessa motivação vem do desemprego, que afeta 14,3% das pessoas entre 18 e 24 anos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativa ao segundo trimestre de 2024. O índice representa o dobro da taxa de desemprego da população em geral (6,9%). Mas, além disso, muitos jovens buscam independência financeira, autonomia e flexibilidade.

Algumas das iniciativas dentro das universidades que mais têm ajudado futuros empreendedores são as empresas juniores, organizações sem fins lucrativos, formadas e geridas por alunos, que oferecem serviços como consultorias e desenvolvimento de projetos. “A experiência em uma empresa júnior prepara os estudantes ao expô-los a situações reais do ambiente de negócios”, afirma Anderson de Souza Nunes, analista de Inovação do Laboratório Interdisciplinar de Empreendedorismo e Inovação (Idear) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

Há também as incubadoras que, por sua vez, dão suporte a ideias inovadoras, fornecendo infraestrutura, mentorias e apoio técnico para o desenvolvimento de startups. A ideia é criar um ambiente de acolhimento para as futuras empresas, oferecendo serviços compartilhados que vão de salas de reuniões até assessorias contábeis e jurídicas, para quem ainda não tem condições de arcar com todos esses gastos. Cada vez mais comum também são as competições e eventos, como semanas acadêmicas e hackathons – “maratonas de inovação” – nos quais os estudantes são desafiados a criar soluções tecnológicas para problemas reais.

Referência no apoio aos micro e pequenos empresários, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também acabou mergulhando no ensino superior com a criação de uma instituição focada no empreendedorismo. Na Faculdade Sebrae, cursos como Gestão Comercial, Processos Gerenciais e Administração têm grades curriculares voltadas diretamente para o empreendedorismo e a inovação. “Desde o início da graduação, os alunos são incentivados a desenvolver projetos próprios e a participar de consultorias práticas nos escritórios do Sebrae. Essa formação prepara os jovens para se tornarem líderes inovadores, prontos para enfrentar o mercado”, diz o coordenador da instituição, Clemilton Bassetto.

Quinta colocada em 2023 no ranking Universidades Empreendedoras, elaborado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores, a PUCRS trata o tema de forma transversal, abrangendo diversas disciplinas e cursos.

“A competência de inovação e o empreendedorismo não são associados somente à criação de novos negócios, mas também para geração de projetos de impacto para a sociedade”
Naira Libermann, coordenadora acadêmica do laboratório Idear da PUCRS

O Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) é outra instituição que se destaca como um celeiro de fundadores de startups. Muitos alunos iniciaram essa jornada por meio da Liga de Empreendedorismo. Organizada pelos próprios acadêmicos, ela faz parte da Comissão de Estágios e Empregos (CEE) da instituição. Um dos membros da CEE, Felipe Ribeiro explica que a ideia é reunir materiais sobre o empreendedorismo, divulgar esses conteúdos e aproximar os futuros empreendedores de quem já trilhou com sucesso esse caminho. Entre eles estão os fundadores de empresas como Start Carreiras, Quero Educação e Buzzer.

A universidade pode ser o lugar ideal para quem busca criar um novo negócio por permitir a formação de uma boa rede de contatos, tanto com alunos quanto com professores. “A universidade foi fundamental no meu processo de empreender. Tive acesso a mentores experientes e a uma rede de contatos que foi e está sendo essencial para o desenvolvimento do meu negócio”, diz Jeanne Louise Fernandes, CEO e fundadora da PolimiHealth, uma startup de saúde colaborativa. Formada em Química pela PUCRS, Jeanne é um exemplo de que é possível empreender com conhecimentos em praticamente qualquer área de ensino.

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