Thaís Barcellos

Oano de 2020 dispensa apresentações. Marcou para sempre a história da humanidade. A pandemia de covid-19 mudou drasticamente a forma de viver em sociedade e o funcionamento da economia. A crise era certa, mas as dimensões, desconhecidas, o que criou novos contornos ao desafio de prever os rumos econômicos do Brasil.

Nesse cenário complexo, o mérito pelo melhor trabalho é da Aviso em Dois Consultoria, grande vencedora da 15ª edição do Prêmio Broadcast Projeções, na categoria Top Geral. No ranking Top Básico, o banco Barclays conquistou o primeiro lugar.

A premiação do Top Geral é concedida para as dez instituições que mais acertaram previsões para a inflação (IPCA e IGP-M), taxa Selic, taxa de câmbio, Produto Interno Bruto (PIB), balança comercial e relação entre dívida pública e PIB. Já o Top Básico agrega estimativas para inflação, juros e câmbio.

“É uma grande honra, uma grande satisfação participar e ser premiado pelo Prêmio Broadcast Projeções. Para uma consultoria independente, que está concorrendo com analistas de peso, é um reconhecimento do nosso trabalho”, diz Waldir Kiel, fundador da Aviso em Dois.

José Egidio Barbosa, da equipe da Aviso em Dois Consultoria, que venceu na categoria Top Geral. Foto: Reprodução/YouTube

O economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, também destacou o quão gratificante é vencer o Top Básico, ainda mais estando “longe” do País, baseado em Nova York.

Ter um olhar global, contudo, foi especialmente importante em 2020. Ficar atento às notícias de outros países era uma forma de tentar antecipar os efeitos da pandemia por aqui. Mas o momento sem precedentes exigiu mais dos times de análise. A resposta política e econômica à crise também se mostrou uma variável relevante.

Foi preciso monitoramento contínuo para identificar os impactos variados em cada setor ou segmento social. Dados de mobilidade e epidemiológicos, indicadores de alta frequência e a comunicação com a economia real foram aliados.

Ainda assim, a surpresa era constante. Depois do tombo recorde do PIB brasileiro no segundo trimestre (-9,2%), a recuperação surpreendeu, embalada pela mudança na cesta de consumo e pelo pacote fiscal − que resultou na maior relação dívida/PIB da história.

No mundo, a reabertura das economias impulsionou as commodities, mas, no Brasil, o dólar não cedia, seja por riscos fiscais ou pela Selic na mínima histórica (2%). A inflação logo apareceu, mas sua persistência foi uma interrogação que se manteve até o fim de 2020.

“A incerteza seguiu elevada o ano todo. Primeiramente, o maior desafio foi prever a atividade. Mas as dificuldades foram migrando. A política fiscal ultraexpansionista conseguiu estancar a queda da atividade, mas a inflação surpreendeu”, lembra Secemski.