Por Beatriz Rocha – editada por Mariana Collini

Em 10 de dezembro de 2023, Javier Milei assumia a presidência da Argentina com o desafio de solucionar a profunda crise econômica do país, marcada por um cenário de hiperinflação, câmbio desvalorizado e escassez de dólar. Um ano depois, o país apresenta uma inflação de um dígito – um cenário que parecia improvável até mesmo para os analistas mais otimistas –, embora os índices de pobreza tenham superando a marca de 50% da população.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC, o principal indicador de inflação da Argentina) subiu 2,7% em outubro ante setembro, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) – os mais recentes disponibilizados neste ano. O número é bem menor que os 25% reportados em janeiro de 2024. Nos primeiros dez meses do ano, os preços no país acumulam uma alta de 107%, enquanto a variação em doze meses é de 193%.

Quando chegou ao poder, Javier Milei prometeu seguir a estratégia de dolarização da economia, o que na prática significaria que todas as transações passariam a ocorrer em dólar, desde o comércio até o pagamento de salários. Conforme mostramos nesta reportagem, a proposta não traria grandes alterações para os turistas brasileiros, que já costumavam usar a moeda americana como referência para ir à Argentina.

A medida, no entanto, não ganhou força em 2024. No começo de dezembro, durante evento em São Paulo, o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, foi cobrado sobre a promessa de eliminação do chamado cepo – os controles cambiários que limitam a compra de dólares e a importações de produtos no país. Na ocasião, Caputo reafirmou seu desejo de “levantar o cepo” em 2025, sem estabelecer prazos exatos, em uma busca de atrair os empresários brasileiros à Argentina.

Ainda vale a pena viajar para a Argentina?
Depois de um ano desde a posse de Milei, a viagem para o país sul-americano segue sendo uma opção vantajosa para os turistas brasileiros. Segundo um levantamento realizado pelo buscador de viagens KAYAK, Buenos Aires e Mendoza, na Argentina, estão entre os destinos internacionais mais acessíveis aos viajantes neste verão.

Os preços médios de voos para as duas cidades são de R$ 2.072 e R$ 2.582, respectivamente. O estudo mostra, inclusive, que os valores das passagens para a capital argentina encolheram 1% na comparação com 2023.

Quando o assunto é hospedagem, países da América do Sul oferecem as melhores tarifas entre os destinos internacionais, com os preços mais baixos em Montevidéu, no Uruguai, e Santiago, no Chile. Buenos Aires também se destaca nesse quesito, oferecendo hospedagens com preço médio de R$ 638 por diária. Veja a seguir:

O KAYAK ainda mapeou os lugares mais pesquisados pelos brasileiros para as férias de verão. No ranking, está presente Bariloche, na Argentina. As buscas pelo local aumentaram 52% neste ano em relação a 2023. A cidade, considerada um cartão postal da Patagônia, ganha destaque por suas belezas naturais, com bosques e montanhas cobertas de neve.

É melhor levar real, peso ou dólar na viagem para a Argentina?
Especialistas ouvidos nesta reportagem concordam que a melhor opção é levar dólares na viagem para a Argentina. A divisa americana possui o maior poder de compra no câmbio, pois US$ 1,00 equivale a 1.016 pesos.

Outro fator que torna a moeda dos Estados Unidos mais atrativa vem da sua aceitação no comércio. Especialmente nas áreas turísticas das grandes cidades, existe a preferência pelo pagamento com o dólar. Muitos locais oferecem, inclusive, taxas de câmbio mais favoráveis para quem usa a moeda.

É recomendável, contudo, que o viajante também conte com um aporte de pesos argentinos, principalmente caso seu percurso passe por cidades menores. Embora o uso do dólar seja comum no país sul-americano, não existe a garantia de que todos os comércios, como lojas e restaurantes, aceitam o pagamento com a moeda americana.

Além da moeda física, o turista também pode avaliar o uso do cartão na Argentina. Uma estratégia interessante consiste em utilizar o dinheiro em espécie para pagar custos menores, como comidas e souvenirs, e o cartão de débito para gastos maiores, como a hospedagem.

Um ano de Milei no poder: quanto está para viajar à Argentina?

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil