A Marfrig passou 2020 fazendo ajustes para que a crise sanitária não prejudicasse os negócios e também para que os colaboradores continuassem a trabalhar em segurança. Os mercados interno e externo oscilaram, mas segundo Tang David, CFO do grupo frigorífico, a companhia conseguiu atravessar o período de maneira satisfatória e com os fundamentos robustos. Leia a seguir a entrevista com o executivo.

 

Como o negócio da Marfrig foi atingido pela pandemia?

Tang David: A logística não sofreu maiores impactos. A plataforma Marfrig da América do Sul exporta 2/3 da produção e destina 1/3 ao mercado interno e isso foi mantido. A exportação manteve a demanda grande por conta da China, onde a crise começou no final de 2019.

 

E o mercado interno?

Tang David: No Brasil, houve um impacto devido ao fechamento de boa parte do setor de food service, como bares e restaurantes, mas o delivery teve crescimento forte. Pesquisas mostraram que o campeão de pedidos por aplicativos no ano foram os hambúrgueres e estávamos investindo forte nisso há três anos. A planta de Bataguassu (MS) foi concluída em 2020 e deve entrar em operação no ano que vem.

 

Que cuidados foram tomados com a equipe?

Tang David: A Marfrig prezou muito pela saúde dos seus funcionários. Não paramos de produzir e fornecer alimentos de qualidade. As instalações precisam de preocupação sanitária alta. Montamos nossos protocolos e procedimentos internos, que começaram com 7 ou 8 recomendações e chegaram a 70. Fizemos higienização no transporte de funcionários, adotamos turnos espaçados para não ter aglomeração nos almoços, por exemplo, e fornecemos EPIs adicionais. E usamos uma antiga fábrica de produtos de limpeza e passamos a fabricar álcool em gel. Os colaboradores receberam em média 2,5 quilos de carne por semana. As crianças não estavam na escola e por isso não estavam recebendo merenda.

 

Como encaram as novas demandas sustentáveis?

Tang David: Temos um programa de sustentabilidade desde 2009. Em 2020, lançamos a iniciativa Plano Marfrig Verde+, com 5 pilares: controle de origem, redução de gases do efeito estufa, bem-estar animal, tratamento de efluentes e de resíduos e uso de recursos naturais. Todos esses pilares vão garantir que sejamos sustentáveis até 2030. Nesses 10 anos vamos atingir esses controles. Hoje já monitoramos a produção indireta dos fornecedores em quase 70% no bioma Amazônia e 50% no Cerrado.

 

Que produtos já lançaram nesta linha?

Criamos junto com a Embrapa uma carne de carbono neutro da marca Viva. E, junto com a ADM, começamos a desenvolver um plant-based (100% vegetal). Vemos um crescimento global de consumo de proteína à base de plantas. O plant-based do Burger King somos nós que fornecemos. No lado exportador, começamos a exportar carne orgânica para os EUA.