O cenário de turbulência enfrentado pela economia brasileira, que vai se estender por 2022, coloca as lideranças empresariais em estado de alerta e a informação tem papel fundamental. Para Maurício Godoi, economista e professor da Saint Paul Escola de Negócios, é importante olhar para um universo um pouco mais amplo, com o acompanhamento de fatores macroeconômicos domésticos e estrangeiros, a análise do ambiente político no Brasil e no exterior e, claro, acompanhar o mercado financeiro, cada vez mais global.

 

Como preparar as lideranças empresariais (os C-levels) para a sempre turbulenta economia brasileira?

O grande diferencial do C-level hoje é uma questão da própria estratégia empresarial, a questão de liderança efetiva. Estamos falando das questões de RH e também de informação. O acompanhamento dos fatores macroeconômicos domésticos e estrangeiros, ambiente político e mercado financeiro, também domésticos e estrangeiros, faz total diferença na tomada de decisão do C-level. Essas medidas ajudam a olhar o futuro com a perspectiva e expectativas mais ajustadas com a própria realidade, ou seja, tem que estar bem antenado em tudo e em todos. Essa cultura traz uma necessidade de pulverizar essas informações para o seu respectivo time, mostrando em workshops, em materiais, apresentações, que tem fontes além da empresa e além do próprio segmento da companhia. Tem que olhar para um universo um pouco mais amplo.

 

Que dicas daria para as lideranças para driblar este momento de incertezas?

Momento de incerteza gera uma expectativa negativa e, quando isso acontece, acabamos tendo um pouco mais de reações adversas. Manter o planejamento econômico-financeiro, diante da incerteza, pegar esse fator da incerteza, esse fator macroeconômico, macrofinanceiro e alinhar com as estratégias trazendo ajustes nas estruturas comerciais, financeiras e de próprio planejamento estratégico e tático é importante para minimizar o impacto das expectativas negativas.

 

Como fazer gestão em tempos de crise, qual o papel das lideranças empresariais e como manter a equipe motivada com tantas incertezas?

Criar um comitê de crise, trazer todos os especialistas, no sentido do próprio negócio, das empresas, trazer o time comercial junto com o financeiro, RH, benefícios, operação, chão de fábrica, diretoria, trazer para uma espécie de quartel de uma equipe multidisciplinar, faz você entender o cenário sob os aspectos das caixinhas de negócios. Isto mostra uma necessidade de melhor conhecimento na empresa, e participação de todos os ‘levels’ dela, para que as decisões possam ser muito mais assertivas.

 

Quais são as expectativas para os negócios no ano que vem?

Em 2022, temos ano eleitoral e todo ano eleitoral tem uma volatilidade, uma diferença de preços mínimos e máximos de Bolsa de Valores, de preços do dólar e até de crescimento do PIB. Em 2022 não vai ser diferente e a situação tende a ser mais agravada pelas questões da política fiscal. Esse ambiente conturbado vai contaminar o resultado do PIB. O processo inflacionário já está fazendo com que a gente tenha uma reversão do crescimento de consumo e de produção e, principalmente, associado aos efeitos colaterais produtivos da covid-19 – falta de matéria-prima, excesso de commodity, preço de combustível elevado e assim por diante