Os serviços de telecomunicação mostraram sua essencialidade desde o início da pandemia, devido às mudanças de hábitos diários e às necessidades de conexões mais rápidas e seguras. E as empresas do setor receberam a demanda extra de readequarem suas redes aos novos perfis de consumo originados da crise sanitária. O presidente da Claro, José Félix, afirma que dois dos grandes desafios foram a redistribuição geográfica e as adaptações aos novos tempos e horários de consumo.

Félix explica que, antes, as pessoas saíam para trabalhar para os grandes centros ou para regiões centrais das cidades maiores. Com a crise, mudaram os hábitos de uso e todos passaram a ficar em suas casas nos bairros, ou até nas cidades próximas. Isso obrigou a um redimensionamento da operação para atender às novas necessidades.

Houve uma nítida migração do uso da telefonia móvel para a banda larga fixa, com as pessoas tendo de fazer mais videoconferências ou utilizando ferramentas de ensino a distância, por exemplo. “Teve também a mudança de distribuição do uso em relação ao tempo. A pessoa ia trabalhar e levava o celular no bolso. O uso do celular então era mais intenso no dia e o da banda larga à noite. Esse tempo hoje é mais linear e mais bem distribuído”, detalha.

“Entre pagamento de ágio e preço e obrigações futuras, o investimento no 5G será de R$ 4,6 bilhões”
José Félix, Presidente da Claro

 

O executivo disse ter ficado positivamente surpreso com a taxa de inadimplência em 2020, uma vez que a perda de renda da população é um desafio constante para as empresas de serviços. A Claro se preparou adotando estratégias de flexibilização de prazos e de condições para o pagamento de dívidas. Mas o auxílio de R$ 600 pago pelo governo federal acabou por dar um fôlego para as camadas mais sensíveis à renda e em alguns casos a inadimplência até caiu.

A operação das lojas da Claro, muitas instaladas em shoppings, também precisou ser redimensionada e adaptada às exigências de distanciamento social. A empresa lançou planos de longo prazo e atendimento até por WhatsApp. Afinal, ocorrências como quedas de aparelhos e necessidade de conserto por defeitos continuaram mesmo na crise. Tornou-se comum a entrega de produtos nos centros de compra no modelo drive-thru, por exemplo.

Na área de TV por assinatura, a Claro avalia que todo o setor está passando por uma readequação, que vem desde antes da crise sanitária. Para combater a concorrência dos aplicativos de streaming, a empresa lançou no ano passado a Claro Box, uma opção mais barata de TV por assinatura e que dispensa a instalação de cabos. Segundo Félix, o produto é voltado à população mais sensível a preço, que busca um produto bom e barato, e os resultados iniciais de vendas têm sido muito bons.

Sobre o recente leilão de frequência 5G, o presidente da Claro afirma que a empresa foi bastante agressiva na aquisição do que considerava fundamental para seu planejamento futuro, uma vez que o negócio da empresa precisa de um adequado atendimento de banda. “Entre pagamento de ágio e preço e obrigações futuras, o investimento será de R$ 4,6 bilhões”, calcula.