Os hábitos de consumo da sociedade passam por transformações, que podem ser mais lentas ou mais velozes dependendo de determinadas circunstâncias, mas que são constantes. Eventos como a atual pandemia de covid-19 têm o poder de acelerar essas mudanças e até de trazer novos comportamentos. Dois especialistas no estudo dessas mudanças, Valéria Rodrigues (CEO da Shopper Experience) e Lucas Pestalozzi (sócio-diretor da Blend New Research – HSR) comentaram em live do Melhores Serviços sobre os desafios deste novo ambiente para as relações de consumo.
Ambos concordam que a crise sanitária forçou o incremento dos relacionamentos digitais entre fornecedores e compradores de bens e serviços eu que isso serviu como um acelerador das transformações. Entre os comportamentos que foram afetados por essa interação mais virtual destaca-se o maior interesse pela participação das empresas em ações de sustentabilidade. “A gente percebeu muito no engajamento uma coisa que sempre vinha falando: a ideia de propósito das marcas. Uma das dimensões desse propósito era justamente a proposta que estamos discutindo hoje, que é a questão da sustentabilidade”, afirma Pestalozzi.
Rodrigues alerta que um dos desafios para qualquer organização que passe a destacar a valorização desses propósitos é que demonstrem isso com ações efetivas e que deem continuidade aos projetos. “Para as empresas serem reconhecidas como atuantes, como ativas, seja no aspecto da sustentabilidade ambiental, seja num conceito mais amplo, que são os impactos que que a sustentabilidade pode ter na sociedade, tem uma característica das empresas que é a constância”, defende.
Ela destaca que no estudo realizado pela HSR no ano passado sobre Marcas Transformadoras, a Magazine Luiza se destacou exatamente por ser reconhecida há tempos como uma empresa comprometida com causas sociais e ambientais. “Quando você avalia e analisa o histórico do Magazine Luiza, a gente entende que não foi na pandemia que eles tiveram ações voltadas para a sustentabilidade. Ela faz em toda sua história ações constantes”, exemplifica. Para a CEO da Shopper Experience, é esse tipo de percepção do consumidor que vai fazer a diferença, algo que vai além das questões de relações comerciais e transacionais.
Pestalozzi sugere que as marcas precisam se definir mais sobre questões que importam para a sociedade. A ideia de propósito precisa ser enraizada na estrutura inteira da empresa. “Hoje, não dá mais para ficar jogando para a torcida porque vai ter uma torcida para um lado, uma torcida para o outro lado. Não existe mais essa expressão de fazer uma coisa muito mais da porta para fora do que da porta para dentro”, afirma. Segundo o diretor da Blend, quem tiver ajustado o seu “norte”, voltar suas atenções nessa direção e souber dialogar com o consumidor, estará na direção correta. (Roberto de Lira)