Estadão Blue Studio
Artigo

MBA transcendendo a gestão 

As escolas de negócios têm um papel crucial na formação dos líderes do futuro.

As escolas de negócios têm um papel crucial na formação dos líderes do futuro. Especialmente em tempos em que a confiança nas instituições políticas é baixa, as empresas são vistas cada vez mais como a solução para alguns de nossos problemas mais urgentes.

Assim, ser um líder empresarial transcende a gestão de uma empresa, mas toca também em questões da essência da nossa sociedade e em como respondemos aos desafios que perpassam nossas comunidades. O desafio da liderança (empresarial) torna-se ainda mais árduo quando consideramos o contexto atual que as empresas estão enfrentando.

Enquanto há alguns anos as empresas falavam em operar em um ambiente VUCA (volátil, incerto – do uncertain em inglês – complexo, ambíguo) as empresas agora falam de BANI (frágil – do brittle em inglês -, ansioso, não linear e incompreensível), o que torna a tarefa dos líderes ainda maior.

O ritmo crescente das mudanças também faz com que o conhecimento e as soluções tradicionais fiquem mais rapidamente desatualizados. Por exemplo, não podemos nem prever alguns empregos, habilidades, desafios ou oportunidades que existirão dentro de 5 a 10 anos.

Então, como as escolas de negócios podem responder ao crescente desafio de criar o líder do futuro?

Abraçando a tecnologia

Mencionei em contribuições anteriores como a pandemia desencadeou um enorme investimento em infraestrutura tecnológica. A escola de negócios líder irá trabalhar duro para se manter atualizada com o que a tecnologia pode oferecer. A tecnológia continuará a afetar o conteúdo que é oferecido (como a alfabetização técnica, além da possibilidade de maior customização e individualização da aprendizagem), como  é ensinado (modo presencial, híbrido, online, ou realidade virtual) e com quem  é aprendido (aqui as empresas edtec vão ter um papel cada vez mais forte).

Lançando as bases para uma aprendizagem e adaptação ao longo da vida

O mundo VUCA/BANI exigirá constante requalificação e há claramente uma grande oportunidade para as escolas de negócios na área de cursos de curta duração. Mas, ao mesmo tempo, as habilidades fundamentais que valem no longo prazo se tornam ainda mais importantes:  como curiosidade, adaptabilidade, criatividade, aprender a aprender, mas principalmente a habilidade de pensar sistemicamente e estrategicamente. A escola de negócios deve ensinar a habilidade de analisar uma situação complexa incluindo vários fatores, como mudanças tecnológicas e sociais. Algo que como Alessandra Costenaro Macial aponta, com razão, não pode ser feito num curso curto.

Respondendo aos desafios e questões da sociedade

Quanto mais as escolas e empresas de negócios podem contribuir para resolver o verdadeiro desafio social, mais impactantes podem ser. A mudança climática em sentido mais restrito ou a ESG (meio ambiente, social e governança) em sentido mais amplo são exemplos óbvios como apontado por Armando Dal Colletto e muitas iniciativas diferentes das escolas de negócios nessa direção estão em andamento, mas, mais uma vez, isso vai além da ESG, por exemplo, quando se olha para as mudanças demográficas e/ou geopolíticas.

Quanto mais as escolas e empresas de negócios podem contribuir para resolver o verdadeiro desafio social, mais impactantes podem ser. A mudança climática em sentido mais restrito ou a ESG (meio ambiente, social e governança) em sentido mais amplo são exemplos óbvios como apontado por Armando Dal Colletto e muitas iniciativas diferentes das escolas de negócios nessa direção estão em andamento, mas, mais uma vez, isso vai além da ESG, por exemplo, quando se olha para as mudanças demográficas e/ou geopolíticas.



Friedemann Schulze-Fielitz é diretor da EFMD Global Network Americas, organização sem fins lucrativos presente em 90 países e focada no desenvolvimento de boas práticas de gestão