Tenho visto e ouvido afirmações que o atual modelo de MBA oferecido pelas escolas de negócio tradicionais brasileiras está fadado a morte, e que seria substituído por formações mais rápidas. Sim, e vocês não imaginam o quanto isso me indigna! Seria o mesmo que dizer que um ensino robusto e estruturado como uma graduação não é mais necessário no mundo de hoje. Ouvir essas afirmações apelativas midiáticas por parte de alguns novos entrantes no mercado, atacando os MBAs para vender cursos de fim de semana e imersões prometendo ao executivo que ele vai “encurtar o caminho” fazendo suas formações “fast food” me fez refletir sobre a alimentação. Analogamente falando, em se tratando de nutrição, será o mesmo que dizer que o “slow food” pode ser substituído pelo “fast food” sem prejuízos à saúde?
Não convencida do rumo que o mercado parecia estar tomando, e seguindo a ideia de Nizan Guanaes que afirma que “vivemos em um mundo em que a percepção tem mais peso do que dados e fatos”, a Associação Nacional de MBA (Anamba) decidiu buscar dados para entender as percepções e expectativas de gestores de RH e de linha com relação aos profissionais que cursaram MBAs no Brasil e qual é a influência dessa formação nas organizações brasileiras. Um levantamento robusto realizado no corrente ano, em parceria da Anamba e por intermédio de pesquisadores de uma de nossas escolas de negócios associada – a FIA.
A pesquisa teve como respondentes profissionais de cargos variados, desde CEO/empreendedores, passando por diretores e coordenadores, nos mais diversos segmentos de atuação. Os dados apontaram que 78% dos contratantes, recrutadores e empresas, ao escolherem um MBA levam em consideração a marca e o reconhecimento da marca do MBA, demonstrando que a maioria das empresas considera relevante tanto o candidato ter cursado o MBA quanto a reputação da escola que oferece o curso. Acrescido a isso, 72% dos profissionais ouvidos considera perceber diferença entre o desenvolvimento profissional de quem tem MBA e um que não tem. E ainda, 76% das empresas brasileiras possuem o requisito “ter MBA” no descritivo do cargo. E para 79% dos profissionais respondentes ter um MBA no currículo é muito importante na carreira.
Para trazer mais evidências acrescento que a pesquisa ainda apontou que executivos que ocupam altos cargos possuem MBA; o nome da escola influencia na contratação de um candidato; a visão de negócio é mais ampla para quem fez um MBA; um curso de MBA melhora as competências do profissional; o MBA melhora as habilidades de liderança dos profissionais e que os profissionais com MBA são mais competentes dos que não têm o MBA.
Tais evidências científicas corroboram o que já é ponto passivo de discussão mundialmente falando, o modelo de carreira executiva T-shaped, em que o executivo possui sólidos conhecimentos técnicos e um pool de conhecimentos gerais e do segmento de atuação além de uma ampla gama de skills comportamentais, relativas ao seu pipeline de liderança (level).
Levando em consideração os dados e fatos elencados, para construir uma única carreira executiva ou ter slash career no mundo corporativo, faz-se necessário possuir no currículo tanto uma graduação como um curso de MBA, considerando que para fazer um MBA o profissional precisa possuir uma experiência comprovada de 3 e 5 anos em cargos de gestão, pois há processo seletivo para os mais conceituados e acreditados cursos de MBAs do Brasil. Além disso, não se pode esquecer do imperativo imprescindível do mundo do trabalho chamado lifelong learning, que nos convida à atualização constante e anual. E é nessa deixa que entram os cursos de curta duração, imersões e atualizações pontuais e específicas.
Por essas razões elencadas defendo que os MBAs e cursos de curta duração podem e devem coexistir contanto que cada um cumpra seu papel, pois ambos não se sobrepõem, tão menos se substituem, pelo contrário, são complementares e devem entrar em momentos distintos da vida do executivo.
Portanto, recomenda-se que antes de escolher um curso, de MBA ou de curta duração, analise seu momento de vida, analise seu currículo, busque evidências no mercado com empresas e profissionais que já fizeram, aprendendo com a experiência dos outros. Sites de entidades de qualidade acadêmica como a Anamba podem ajudar nessa escolha.