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Estadão

Produção:

Blue Studio

Mercado se preocupa com a formação humana dos executivos

No novo mundo, já não basta ter excelentes conhecimentos técnicos para liderar: é preciso desenvolver as soft skills

A pandemia criou novas demandas e escancarou algumas tendências que já vinham sendo percebidas pelo mercado. Uma delas é a necessidade de um relacionamento mais próximo e humano dos gestores com suas equipes. As principais escolas de negócios adaptaram o currículo dos seus cursos a essa nova realidade, aumentando a carga de conteúdo voltado aos atributos de comportamento, conhecidos no meio corporativo como soft skills.

“As habilidades interpessoais ganharam ainda mais protagonismo durante a pandemia. Todo gestor precisa colocar o bem-estar do time entre suas principais preocupações”, lembra Vicente Ferreira, do Coppead. Ele observa que, cada vez mais, ainda que possam ser contratados pelas competências técnicas, os profissionais dependerão das habilidades comportamentais para permanecer no emprego e crescer na carreira.

As escolas de negócios estão atentas a esse movimento e aprofundaram a discussão sobre o papel dos gestores, enfatizando aspectos como a qualidade do feedback e a importância de um estilo de liderança que não é apenas técnico, voltado ao dia a dia das tarefas a cumprir, mas preocupado também com as circunstâncias pessoais dos subordinados. “O gestor de hoje precisa atuar como uma espécie de coaching do seu time”, observa Ferreira.

Outro aspecto que ganhou espaço no conteúdo dos MBAs nos últimos anos são as questões relacionadas à integridade e à ética. Trata-se de uma demanda influenciada pela constatação do enorme prejuízo financeiro e de imagem causado pelos escândalos recentes de corrupção, no Brasil e no mundo. Além disso, os preceitos ESG, baseados nos pilares Ambiental, Social e Governança, tornaram-se premissas que precisam ser seguidas por todas as corporações preocupadas com a atração de investimentos e a sobrevivência a longo prazo.

É um movimento de adaptação obrigatória ao conceito de “capitalismo de stakeholders”, que se preocupa não apenas em garantir lucro aos acionistas, mas também em estabelecer relações equilibradas com todos os demais públicos de uma empresa, incluindo consumidores, fornecedores, concorrentes e comunidade como um todo. Por conta da necessidade de sintonia com as discussões reais, que estão acontecendo agora no mercado, é fundamental que os cursos de MBA tenham professores que conciliem conhecimentos acadêmicos com a vivência empresarial – no presente, e não apenas no passado.

Outro dos desafios dos novos formatos de MBA é não sacrificar um de seus principais atrativos, a rede de contatos formada pelo convívio com colegas de diversas áreas reunidos no mesmo curso. “A diminuição do número de aulas presenciais reduz custos para a escola e facilita em alguns casos para os alunos, mas afeta o senso de comunidade, as interações e o networking. Por isso, algumas escolas de negócio estão testando alternativas. A KPMG Business School, por exemplo, conta com um consultor de Networking para os seus alunos”, destaca Liao Yu Chieh, professor do Insper e fundador da IDEA9, que faz treinamento de executivos para grandes empresas.