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O segredo dos grandes líderes
24 jun 2024
Grandes líderes do passado e do presente encontraram na filosofia a chave para decisões mais sábias e estratégicas
Por Ricardo Basaglia – editada por Mariana Collini
“Quem é você?” Essa pergunta, simples e profunda, ecoa pela história da humanidade, mas também ressoa em salas de reunião e escritórios executivos. E se a resposta a ela pudesse transformar o modo como você exerce a liderança? O que faria se descobrisse que grandes líderes do passado e do presente encontraram na filosofia a chave para decisões mais sábias e estratégicas?
Historicamente, a liderança sempre esteve ligada a atributos como força, riqueza e status. Afinal, a sobrevivência nas sociedades antigas dependia da capacidade de defender a comunidade contra ameaças externas, como predadores ou grupos rivais. Além disso, a capacidade de acumular e distribuir recursos como comida, terra e ferramentas era crucial para a sobrevivência. Então, os mais abastados, ou seja, que acumulavam mais recursos, podiam garantir a segurança da comunidade. Assim, ganhavam respeito e autoridade.
No entanto, desde passamos a dominar ferramentas, essas necessidades mudaram. A capacidade de solucionar problemas e, principalmente, de antecipá-los passou a ser crucial para liderar. Assim, a filosofia assumiu um papel crucial na formação de líderes influentes.
Alexandre, o Grande, aprendeu ética e política com Aristóteles. Já o imperador romano Marco Aurélio escreveu suas Meditações como forma de orientar as ações na sociedade. Com a Revolução Industrial, posteriormente, surgiu um novo tipo de líder — o empresário. Nomes como Andrew Carnegie e Henry Ford revolucionaram a economia, mas também trouxeram à tona questões filosóficas sobre o papel do trabalho e do capital na sociedade. Mas não para por aí.
A relação entre filosofia e liderança é reforçada pela prática atual. Afinal, CEOs com formação em filosofia tendem a ter habilidades superiores em resolução de problemas e pensamento crítico. O famoso investidor de risco George Soros atribui parte de seu sucesso financeiro à compreensão de conceitos filosóficos. Stewart Butterfield, CEO do Slack, é outro exemplo notável. Com mestrado em filosofia, ele afirma que a disciplina o ensinou desenvolver mais clareza na tomada de decisões, além de aprimorar sua capacidade de argumentação lógica — habilidades cruciais na liderança.
Esses exemplos demonstram que a filosofia não é apenas um campo de estudo abstrato, mas uma disciplina prática que pode moldar a maneira como gerimos empresas e tomamos decisões estratégicas.
Como bem aponta um artigo publicado pela Thinkers 50, os líderes agora enfrentam desafios que envolvem também questões éticas, além da resolução de problemas complexos. Com o avanço tecnológico, questões como privacidade de dados, inteligência artificial e automação trazem desafios significativos.
A filosofia oferece ferramentas para refletir sobre o impacto dessas transformações na sociedade e no bem-estar humano. Assim, líderes bem fundamentados filosoficamente são capazes de gerir esses desafios com uma compreensão mais profunda e compromisso ético. Nesse sentido, podem tomar decisões que equilibram o progresso tecnológico com os valores humanos e sociais.
Mas como isso pode ser feito na prática? A seguir, há cinco dicas para que líderes possam iniciar sua jornada ao encontro da filosofia, como disciplina de estudo e como prática diária:
• Agenda de reflexão matinal: dedique 15 minutos toda manhã para reflexão filosófica. Durante esse tempo, leia um breve trecho de um filósofo e pense em como os princípios apresentados podem se aplicar aos desafios do dia. Essa prática ajuda a iniciar o dia com clareza e propósito.
• Decisões baseadas em princípios éticos: antes de tomar decisões importantes, pergunte-se: “Essa decisão está alinhada com meus princípios éticos e valores?”. Use essa reflexão para guiar suas ações, garantindo que suas decisões não sejam apenas estratégicas, mas também eticamente sustentáveis.
• Journaling filosófico: mantenha um diário no qual registre suas reflexões e decisões importantes. Escreva sobre os dilemas enfrentados, as decisões tomadas e os princípios filosóficos que guiaram suas escolhas. Essa prática não só ajuda na autoanálise, mas também serve como um registro valioso de crescimento pessoal e profissional.
• Reuniões de check-in filosófico: reserve 10 minutos no início de reuniões semanais de equipe para discutir uma citação ou conceito filosófico. Relacione-o aos projetos em andamento e incentive os membros da equipe a compartilharem suas interpretações e ideias. Isso promove uma cultura de pensamento crítico e reflexão.
• Pausa para a meditação filosófica: incorpore pausas de meditação curta ao longo do dia. Use técnicas de mindfulness (atenção plena) inspiradas em filosofias antigas para focar a mente e reduzir o estresse. Por exemplo, pratique mindfulness para observar seus pensamentos e emoções sem julgamento, ajudando a manter a calma e a clareza em momentos de alta pressão. A integração da filosofia na liderança empresarial vai além de uma tendência; é uma necessidade para enfrentar os complexos desafios contemporâneos. Ao adotar práticas filosóficas, como a reflexão crítica, a leitura de clássicos e o cultivo da humildade, os líderes podem tomar decisões mais éticas e estratégicas. A filosofia proporciona uma base sólida para a gestão, equilibrando o progresso tecnológico com os valores humanos e sociais, resultando em líderes mais reflexivos, resilientes e capazes de inspirar suas equipes.
Em um mundo onde a imagem dos líderes frequentemente se associa a superficialidades, a profundidade filosófica se destaca como o verdadeiro diferencial. Ao incorporar a filosofia em sua prática diária, você não estará apenas aprimorando suas habilidades de liderança, mas também se tornando um agente de transformação.
Seja um líder que inspira, que toma decisões com empatia e sabedoria, e que promove um impacto positivo duradouro. O futuro da liderança está em suas mãos – comece hoje sua jornada filosófica.
Foto: stasnds – stock.adobe.com
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