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Notícias

A trajetória de Alberto Kuba até chegar ao topo da Weg

16 set 2024

Executivo ilustra a cultura de desenvolvimento interno da empresa, em que trabalha desde a época da conclusão do curso de engenharia elétrica pela Unesp, e foi escolhido em um processo de sucessão que envolveu 12 executivos da companhia

 

Por Ivo Ribeiro – editada por Mariana Collini

Em uma noite de dezembro passado, na antevéspera do evento anual com investidores, o Weg Day, Alberto Yoshikazu Kuba foi convidado para jantar com o presidente do conselho de administração, Décio Silva, segundo relato de pessoas próximas da companhia. O encontro durou algumas horas, e dali ele saiu confirmado como o novo CEO da Weg, no lugar de Harry Schmelzer Jr., que ficou no cargo durante 16 anos. A escolha foi anunciada oficialmente dois dias depois, em 8 de dezembro, durante o Weg Day.

Segundo informação revelada pelo presidente do conselho logo após a posse de Kuba no primeiro dia de abril deste ano, o nome do novo CEO saiu de uma lista de 12 executivos da companhia, que demandou dois anos de avaliação desse grupo. Além do conselho, participaram do processo Schmelzer Jr. e consultorias externas.

Paulista de Epitácio Pessoa, 44 anos, Kuba entrou nos quadros da empresa catarinense de equipamentos elétricos há 23, em 2001, como estagiário. Trazia a mesma formação dos dois antecessores, engenheiro, com graduação em engenharia elétrica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus de Ilha Solteira (SP).

“Como estagiário, não tinha vínculo empregatício. Em 2002 fui contratado como trainee”, informa Kuba.

Ele destaca que estágio é o principal meio de captação de talentos que a Weg tem, mais a escolinha. São cerca de 300 a 400 estagiários por ano, um programa bem disputado.

O executivo diz que a sua relação com a empresa foi paixão à primeira vista. “Sou paulista, não sou descendente de alemão, não tenho ninguém que me indicou para nenhum cargo em Jaraguá. Muito pelo contrário, eu vim para Jaraguá porque eu me apaixonei pela empresa, pela cultura dela, por tudo que enxerguei”, afirma. “Liderar uma empresa como a Weg é uma grande honra, porque é continuar o legado do Sr. Eggon (Eggon João da Silva, um dos fundadores e o primeiro presidente do grupo), do Décio (Silva, o segundo CEO e atual presidente do conselho), e do Harry (Schmelzer Jr., antecessor de Kuba). É um grande exemplo da meritocracia que nossa empresa trabalha.”

Na empresa, em 23 anos, o executivo construiu uma extensa carreira, assumindo muitas posições no Brasil e no exterior. Após conhecer várias áreas da empresa, fixou-se em vendas de motores industriais. Em 2010 foi expatriado para a China, onde atuou nas áreas de marketing e vendas até assumir a posição de diretor superintendente das operações da Weg no país.

O aprendizado que veio do Oriente
Kuba relata com entusiasmo o período de mais de uma década que esteve à frente das operações da Weg no país asiático, de onde diz que trouxe um grande aprendizado. “Estive dez anos e meio na China e atendia o Sudeste Asiático, dava suporte, atendia as filiais da Europa”. Depois, fez uma passagem de quase dois anos nos Estados Unidos, para conhecer o país, e de onde por acompanhar de perto o Canadá e também o México, onde a empresa tem fábrica e monta uma grande plataforma industrial para atender a América do Norte. “Acho que me tornei um executivo bastante completo quando se olham as geografias do mundo onde estive”, afirma Kuba.

Aliando o conhecimento de gestão empresarial, o atual CEO da Weg alinhavou uma consistente formação acadêmica. Após sair da Unesp, fez um MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialização em Finanças Corporativas pela Fundação Dom Cabral (FDC). Além de cursos em liderança e gestão, com participação em programas na Stanford Business School, nos Estados Unidos, e de uma parceria entre a FDC e o Insead Business School, da França.

Como funciona a ‘escolinha’ da Weg
Para o executivo, a Weg tem um grande diferencial na formação de pessoal qualificado em relação a outras empresas. “A Weg, lá atrás, também não tinha, e criamos um centro de desenvolvimento de colaboradores. Uma escola que chamamos carinhosamente de ‘escolinha’, porque na época as crianças entravam com 14 anos. Hoje, são 850 alunos nesse programa, treinados em vários temas, incluindo inteligência artificial. No Brasil, formamos em torno de 800 a 850 alunos por ano.”

A empresa procura replicar o mesmo modelo nos demais 16 países onde tem operações, respeitando as culturais locais e buscando fazer parcerias com instituições locais.

O desafio de mais mulheres na liderança
Uma das missões de Kuba, no prazo de dois, três, quatro anos, é formar cada vez mais lideranças de mulheres em cargos na companhia — nas chefias, gerências, e mais diretoras no futuro. A Weg nomeou, recentemente, a primeira diretora executiva, Daniela Chissini Sartori, para as operações do negócio de Tintas. No Brasil, atualmente, a empresa tem 34 diretorias. “Ela tem 30 anos de casa, fez estágio na Weg, construiu uma carreira. É por meritocracia”, ressalta.

Admirador de Jack Welch, o icônico presidente por longo tempo da companhia americana GE, Alberto Kuba é oriundo de uma família de praticantes do Budismo Nichiren, assim como sua esposa, Elisandra, com quem se casou em uma cerimônia budista em maio de 2008.

A trajetória de Alberto Kuba até chegar ao topo da Weg

Foto: Felipe Rau/Estadão

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