O IBGE divulgou nesta terça-feira (12) os dados relativos a fevereiro, com avanço de 0,83%
O IBGE divulgou nesta terça-feira (12) os dados relativos a fevereiro, com avanço de 0,83%
Por Leo Guimarães
A expectativa de inflação para 2025 e 2026 depende mais da questão de confiança do BC, que terá uma nova presidência que vai passar a aceitar uma inflação acima da meta
Na renda fixa, títulos indexados ao IPCA, com prazo de 4 ou 5 anos, protegem o poder de compra e ajuda a compor a parcela de juros reais nas carteiras
Na renda variável, cenário exige do investidor atenção às oportunidades para se antecipar aos movimentos e conseguir mais ganhos no risco
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,83% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, a inflação acumula alta de 1,25% no ano e de 4,50% em 12 meses.
Sazonal, a alta de fevereiro já era esperada pelo mercado, que ainda mantém uma expectativa de redução para o IPCA em 2024 e de manutenção na casa dos 3,50% em 2025 e 2026.
O cenário de menor inflação abre a possibilidade de o investidor colocar um pouco mais de risco na carteira. Tudo com bastante cautela, tanto na renda fixa, como na renda variável, avaliam os especialistas.
“Um evento climático pode pressionar os alimentos. Na indústria, um problema na cadeia de produção mundial pode atrapalhar o bom momento da inflação, fatores que exigiriam um esforço maior do Banco Central no curto prazo”, comenta Carlos Lopes, economista do Banco BV.
Para ele, a expectativa de inflação para 2025 e 2026 depende da questão de confiança do BC, que terá uma nova presidência a partir de janeiro de 2025 e que vai passar a aceitar uma inflação acima da meta dos 3%. Apesar do controle, o IPCA na banda de cima da meta deixa o horizonte um pouco mais arriscado em cenários desfavoráveis.
Investimentos na renda fixa
A cautela faz casas como a Ágora dar preferência, na renda fixa, para os títulos indexados ao IPCA, com prazo de 4 ou 5 anos. “Além de manter o poder de compra, ainda há oportunidades atrativas para compor a parcela de juros reais nas carteiras”, diz Simone Albertoni, especialista de investimentos em renda fixa. “Nos prefixados, o prêmio já diminuiu bem, mas ainda é possível encontrar bancos de pequeno e médio porte com taxas atrativas, até 2 anos”, completa.
Para a Nord Research, com a expectativa de desinflação ao longo de 2024 e 2025, devemos observar uma Selic de um dígito ao final de 2024 e ao longo de 2025. “Neste cenário, vemos redução no ganho mensal de quem estava aplicado em produtos pós-fixados. Não veremos mais rendimentos de 1% ao mês e isso chama a atenção para ativos de risco na carteira”, diz Maria Luiza Nepomuceno, analista de renda fixa da Nord Research.
Vale lembrar que o mercado de títulos privados está passando por uma mudança que tende a reduzir os retornos dos investidores, com as resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN) que restringiram novas ofertas de produtos isentos de Imposto de Renda, como no caso dos títulos bancários (LCA, LCI e LIG) e do crédito privado (CRI e CRA).
Um cenário de risk-on, com o investidor mais propenso à tomada de risco. É assim que o CEO da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, descreve o ano de 2024 com uma trajetória de “inflação mais comportada”. “Ao longo do ano, o investidor vai reposicionar para o crédito privado, renda fixa com instrumentos prefixados e indexados à inflação”, diz.
Os juros mais baixos também tendem a melhorar os resultados das empresas, especialmente daquelas mais alavancadas. Este cenário exige do investidor ainda mais atenção às oportunidades. “É preciso ficar atento ao movimento, para se antecipar e conseguir mais ganhos nos ativos de risco. Na renda fixa, títulos indexados a IPCA + trazem maior rentabilidade”, comenta a especialista da Nord.
Investimentos na renda variável
No caso da renda variável, o economista Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (CoreconSP), arrisca citar alguns setores que devem entrar no radar do investidor em um cenário de menor inflação e juros. “Produtos de consumo mais simples ou construção tendem a trazer resultados mais positivos em relação a outros ramos da indústria” diz. “Ações de empresas que vendem para a classe mais baixa podem ser beneficiadas com o ganho de renda.”
Gomes lembra ainda dos fundos multimercados que podem ser uma opção para o investidor que quer ter um pouco mais de risco, mas de forma controlada. “Quanto mais seguro o investimento, menor o rendimento”, reforça.
A opinião está alinhada com o analista CNPI da Suno Research, José Daronco. “Os setores mais beneficiados são aqueles mais alavancados, como é o exemplo de logística. Além disso, o setor de consumo também deve se beneficiar, dado que seu consumidor necessita financiar boa parte das compras. Com o juro mais barato, as vendas tendem a aumentar.”
A queda das expectativas para o IPCA 2024 e, por consequência, nos anos seguintes em direção ao centro da meta, abre a possibilidade de uma taxa Selic também em queda e atingir níveis de um dígito.
“Para a economia isso significa crédito mais barato e para as empresas menor custo financeiro e maior consumo, o que deve beneficiar as margens”, diz o economista-chefe da Planner Investimentos, Ricardo Martins. “Juros menores beneficiam a renda variável. Para quem não tem propensão à exposição a riscos, a renda fixa continuará atrativa baseando-se nas oportunidades de juro real ainda existentes”, diz o economista.
Até o final do ano, com a retomada dos IPOs, Mello acredita que o fluxo da Bolsa tende a voltar, num cenário diferente de retirada que tem sido visto até agora. “Para o multimercado, poderemos ter um fluxo no ano, mas deverá ser mais tímido”, avalia o CEO da SulAmérica Investimentos.
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Foto: GettyImages
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