Para Marcio Coriolano, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), a questão do seguro é civilizatória porque prepara as gerações atuais para desonerar as gerações futuras. E envolve também as responsabilidades do Estado: “O seguro desonera o governo de intervenções para poder sanar desastres. Se uma usina siderúrgica no País fundir, e não tiver seguro, o governo precisará agir”, exemplifica.

Mas a expertise das seguradoras, que usam tecnologia para reagir à redução da renda e consequentemente menor contratação de prêmios, dá ao setor o potencial de ampliar sua participação e importância no mercado. Isso deve ser puxado pelo olhar atento às novas regulações, como Reforma Trabalhista e Lei de Licitações, pela consolidação e inovação de portfólios, e pela expansão da cobertura das empresas que investem em plataformas de venda online para pequenos e médios empresários.

Coriolano argumenta, entretanto, que é preciso atentar ainda mais para o contexto do País. Além da crise econômica e da ainda falta de cultura do seguro no Brasil, há duas peças-chave para entender o desafio do segmento de grandes riscos financeiros. A primeira se refere à indústria de óleo e de gás, que vive momento delicado no próprio negócio e enfrenta as consequências da Operação Lava Jato. A segunda é a necessidade de uma sólida formação de pessoal, que precisa gerir bem cada valor desprendido pelo segurado.

Diante do cenário complexo, mas com possibilidade, a Pottencial Seguradora se manteve no topo do ranking de Riscos Financeiros do Finanças Mais devido, sobretudo, ao uso de tecnologia para aprimorar serviços do portfólio e às mais de 25 mil contratações do Seguro Garantia Judicial Depósito Recursal, produto fortalecido após a reforma trabalhista sancionada pelo governo federal em 2017. “Não são apólices grandes, mas o cliente começa a perceber a importância do serviço”, avalia o presidente da Pottencial, João Géo.

No ano passado, a empresa contabilizou R$ 700 milhões em prêmios, aumento de 18% sobre 2017, e vendeu aproximadamente 100 mil apólices. Em 2019, a previsão é crescer 20% em prêmios, o que deve ser puxado pela continuação do Depósito Recursal e ampliação do risco em máquinas agrícolas e linha amarela. Géo ressalta a expansão dos escritórios – neste ano serão inaugurados cinco, em diferentes Estados – e a independência de clientes específicos: “Temos o apoio de resseguradores porque repassamos não só os grandes, mas também os pequenos clientes, e não nos concentramos apenas nos grandes riscos”.

Bem atenta aos desafios citados por Coriolano, está Luciana Natividade, diretora comercial da Fator Seguradora, vice-campeã. Após dez anos ampliando o portfólio, a empresa agora busca também o pequeno e médio empresário, que pode estar em qualquer lugar do País. O novo ciclo da empresa ganha força graças ao portal do corretor, ferramenta online que permite simulação precisa de cotação. Caso o cliente opte pela contratação de até R$ 5 milhões em importância segurada, é possível concluí-la em cinco minutos, sem passar e-mail. “É um desafio grande porque, por mais que já vendamos o produto, essa é outra forma de vendê-lo”, comenta a diretora. A empresa opera quatro torres: Garantia, que inclui seguro garantia e fiança locatícia; Engenharia, para risco paramétrico; Responsabilidade, focada em D&O, E&O, que agora atende 40 profissões, e Responsabilidade Civil geral. Em 2018, o crescimento foi de 8% ante o ano anterior.

A plataforma digital também foi determinante para o desempenho da Junto Seguros, que fecha o ranking. “Procuramos elevar a um novo patamar a experiência de cotação e emissão de apólices para os corretores”, comenta Leonardo Boguszewski, presidente da empresa, que faz parte da JMalucelli Seguradora. Agora, a empresa se prepara para o aumento do número de contratos que demandem garantias, possível consequência da esperada aprovação da nova Lei de Licitações. A atenção também está no seguro garantia judicial e na utilização do seguro como garantia em depósitos recursais para empresas de qualquer tamanho. Isso deve puxar para 40% o crescimento em prêmios diretos, na relação com 2018, quando foram emitidos R$ 444 milhões — queda de 9% em relação ao ano anterior.

“Temos o apoio de resseguradores porque repassamos não só os grandes, mas também os pequenos clientes, e não nos concentramos apenas nos grandes riscos”

João Géo, presidente da Pottencial

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