O conhecimento financeiro deixou de ficar confinado nos cursos superiores. Somam-se a isso as plataformas online de investimentos mais fáceis de ser usadas, mesmo a partir de um celular. Com dados circulando e dezenas de produtos e opções financeiras ao alcance de todos, também cresce a angústia de quem está começando no mundo do mercado de investimentos.

Mesmo os poupadores conservadores se deparam com vários dilemas na hora de começar a diversificar a carteira de investimentos. No site da B3, a bolsa de valores do País, aparecem 43 corretoras cadastradas que afirmam oferecer serviços e produtos para pessoas físicas. O que torna complexo escolher em qual instituição colocar o dinheiro de uma forma segura.

Obter informações sobre a corretora escolhida, além de saber as certificações que ela obteve e se existe cadastro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é um passo inicial básico.

O degrau seguinte é procurar entender as diferenças que existem entre os vários tipos de produto e em qual perfil e objetivo cada um dos investimentos se enquadra.

As pessoas que não dormem quando um fato econômico novo chacoalha com a volatilidade dos investimentos devem optar por caminhos muito conservadores. Guardar dinheiro para fazer a viagem dos sonhos, em três anos, é diferente, por exemplo, de querer se preparar para a faculdade das filhas daqui a quase uma década.

A escolha do caminho adequado pode ser feita de maneira independente ou com o auxílio de profissionais que vão cobrar pelos serviços prestados. Eles podem estar tanto fora das corretoras quanto fazer parte das instituições.

“Em termos gerais, a pessoa pode investir em educação financeira, e seguir por conta própria com as suas aplicações. Além de recorrer a um planejador financeiro, que normalmente cobra por hora de serviço prestado, ou ao assessor de investimento, que normalmente está atrelado à instituição financeira escolhida para a aplicação do dinheiro”, afirma Virginia Prestes, professora de Finanças na Faap.

Segundo a especialista, em termos gerais, duas dicas são importantes para os iniciantes. “Qualquer pessoa precisa ter uma reserva com boa liquidez e risco baixo no valor de quatro a seis vezes o que ela gasta por mês. Isso é o ideal. O resto pode ser investido a longo prazo ou em produtos com um pouco de risco, dependendo do perfil da pessoa.”

Segundo Virginia, qualquer que seja a instituição escolhida, é importante que a titularidade da conta de investimento seja do próprio cliente. “Isso é uma premissa básica para evitar surpresas”, diz.

O investidor que busca aprofundar seus conhecimentos de finanças pode ser soterrado por tanta informação disponível na internet. Porém, quanto mais conhecimento, mais ferramentas interessantes poderão ser usadas para se atingir os objetivos financeiros.

“O maior aliado de quem quer começar a investir é o aprendizado. Um investidor iniciante que não quer contratar um profissional específico pode consumir horas de conteúdo de graça, do sofá de casa”, afirma Felipe Borges, Sócio da V10 investimentos.

O conhecimento dos juros compostos, segundo Borges, é um grande aliado de quem vai investir. “Facilmente a pessoa entenderá que há um leque de investimentos melhores do que a poupança. O aprendiz de investidor deve ter como meta filtrar e criticar os investimentos que estarão disponíveis ao longo de sua vida. Quão maior a educação financeira de quem investe, menor a chance de cair em possíveis armadilhas”, diz Borges.

Entre as eventuais ciladas, existem algumas que merecem atenção, segundo o empresário. Além das taxas ocultas, que alguns agentes do mercado financeiro cobram para remunerar mais a cadeia de distribuição, começa a existir um tipo de conflito de interesses. “Que aparece quando um influenciador digital de finanças é patrocinado por uma instituição financeira qualquer e ele se vê obrigado a fazer comentários positivos de produtos ruins ou caros”, diz Borges. De acordo com o especialista, é preciso que todos se preocupem com um futuro sadio do setor. Seja para empresas, clientes e profissionais da área.