Com o avanço da crise provocada pela pandemia do coronavírus, muitos encontraram no crédito pessoal uma forma de driblar as incertezas econômicas. Uma opção é o home equity – termo em inglês para a modalidade que utiliza o imóvel como garantia.

“O processo é conhecido como alienação fiduciária. Quem pede o empréstimo transfere o imóvel para o nome da instituição que empresta o dinheiro. O imóvel só volta ao nome do credor até que todas as parcelas da dívida sejam quitadas”, explica Thiago Cunha, especialista em direito imobiliário.

De acordo com Cunha, quem contrata esse tipo de crédito conta com algumas vantagens, como taxas mais baixas e prazos mais longos. “Isso acontece porque, além da inadimplência ser menor, o banco assume menos riscos”.

Bom para os dois lados

Diante de tantos benefícios para credor e devedor, a procura pelo home equity somou R$ 9,5 bilhões em 2019, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Cunha explica que as regras variam de acordo com o valor mínimo do patrimônio oferecido. Além disso, o comprometimento de renda do devedor varia entre 25 a 30%.

Seja cauteloso

Apesar dos juros mais baixos, é preciso ter o pé no chão na hora de optar por esse tipo de crédito. “Minha orientação é de sempre refletir sobre os outros endividamentos e avaliar se vale a pena colocar um imóvel como garantia num empréstimo”, orienta a economista Priscilla Dourado.

Priscilla alerta ainda para outra modalidade, onde o cliente pode solicitar o empréstimo mesmo com o imóvel em financiamento. “Neste caso, a atenção é redobrada, porque existem as parcelas do empréstimo, além do pagamento das parcelas do financiamento imobiliário. Ainda que a oferta seja tentadora, é o seu patrimônio que está em jogo”.

Diferenças

A hipoteca e o home equity utilizam o imóvel como garantia. Entretanto, no caso da hipoteca o imóvel continua sob a propriedade e no nome de quem contratou o empréstimo. Neste caso, o risco assumido pela instituição ao conceder o empréstimo é maior e, consequentemente, os juros serão mais altos.

É importante explicar que o conceito de hipoteca no Brasil é totalmente diferente do adotado em outros países. Aqui, a hipoteca sempre foi usada como garantia no financiamento imobiliário, mas a opção passou a ser menos usada depois da chegada da alienação fiduciária no processo de empréstimo e financiamentos.