20 de agosto de 2020
A pandemia do novo coronavírus causou diversos impactos no setor da educação. No mundo, a doença tirou 1,5 bilhão de alunos das escolas, segundo análise da Bain & Company. Desde março até agora, 191 países adotaram o fechamento das escolas. Diante de tantas incertezas, a alternativa encontrada pelas unidades de ensino para garantir o aprendizado e não fechar de vez as portas foi o investimento no ensino à distância.
Apesar da alternativa, os desafios para o setor são grandes, tanto por conta dos investimentos necessários quanto pela redução nas receitas. “Do infantil ao superior, as escolas sofrem com a alta inadimplência, seja pela redução na renda das famílias, seja pela menor percepção de valor no serviço recebido durante a pandemia. É grande o número de escolas que estão fechando as portas e aquelas que continuam com suas atividades estão revendo o modelo de negócio, adaptadas para as aulas”, explica Leonardo Nascimento, sócio da Urca Capital Partners.
Para Nascimento, os efeitos da pandemia causam prejuízos maiores na educação infantil com a alta evasão escolar. Segundo o especialista, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) estima que as unidades já tenham perdido 60% dos alunos de 0 a 5 anos.
“Muitos pais estão optando por tirar as crianças da escola, em razão das dificuldades financeiras e insatisfação com a eficácia do ensino – obrigatório apenas a partir dos quatro anos de idade. Nesta faixa etária, em que a interação e brincadeiras são importantes, torna-se um desafio manter as aulas online. Já para a educação superior, a adaptação tem sido mais fácil, pois parte delas estava habituada com o ensino à distância”.
Como superar as dificuldades?
Mesmo com o futuro incerto, será que é possível superar a crise financeira? Nascimento aposta que sim. De acordo com ele, uma ação muito importante para as escolas superarem o atual momento é lançar mão de todos os incentivos dados pelo poder público.
“Tivemos o diferimento de alguns impostos, que foi importante, mas o principal deles é o da MP936. A suspensão do contrato de trabalho ou a redução de jornada podem trazer um benefício importante na folha de pagamento, principal custo das escolas. É imprescindível que os mantenedores não tenham reservas quanto ao uso dessa MP, isso pode significar a vida ou morte da instituição”.
Outro ponto importante é a renegociação dos aluguéis. “Donos de imóveis estão bem mais flexíveis durante a pandemia. Fazer um trabalho minucioso de cobrança da inadimplência completa o ferramental de sobrevivência das escolas”.
E já que negociar é uma boa ferramenta para atravessar o período de adversidades e evitar a falência, outra dica fundamental é que as instituições particulares avaliem a sua capacidade de caixa. Isso porque com a queda da receita, a alternativa que resta é enxugar os custos.