14 de outubro de 2020
Os posicionamentos políticos, sociais e ambientais das empresas cada vez mais fazem parte do radar das pessoas, tornando-se em muitos casos um fator determinante na decisão de compra do consumidor. Essa tendência foi constatada pelo estudo global Edelman Brand. De acordo com o levantamento, 69% das pessoas declararam que adquirem produtos por convicção sobre os valores de uma organização.
Acompanhando essa tendência, outro crescimento está relacionado com o mercado de investimentos. São os princípios ESG, termo em inglês para ambiental, social e de governança. De acordo com a estimativa da Climate Bonds Initiative (CBI), a previsão é de US$ 257,5 bilhões em emissões de títulos de dívidas voltados ao ESG. Na comparação com 2019, alta de 36%.
Quanto custa investir?
Os fundos que integram os critérios ESG ainda são poucos, mas devem crescer nos próximos anos. É o que explica a estrategista-chefe da Órama Investimentos, Sandra Blanco. Segundo ela, existem fundos de ações e fundo de renda fixa no mercado de crédito privado. Entre os que fazem parte do primeiro grupo, os valores para aplicação inicial variam de R$ 100 a R$ 20.000. Já a aplicação inicial no fundo de renda fixa é R$ 25.000.
Sandra explica ainda que investimentos nessas ações são para quem tem perfil arrojado e com projeção de longo prazo. “Ao acrescentar as características de sustentabilidade, esse compromisso com o prazo mais longo se faz ainda mais necessário. Mudanças de impacto na produtividade, na utilização de recursos naturais e na sociedade requer tempo”.
Certificação
Ainda em crescimento, o Brasil encontra empecilhos com relação à auditoria independente para certificar que uma empresa é ESG. Para a professora do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e sócia da Mauá Capital, Carolina da Costa, é difícil ter uma certificação única.
“Trata-se de um conjunto de princípios e parâmetros que estão relacionados ao modelo de negócios que considera seu impacto de atuação amplamente, como ambiental e social. Isso tudo pautado por uma governança alinhada com essa visão. Por conta disso, é muito difícil ter uma certificação única. O que existe são instituições que nos ajudam a ter referências internacionais nessa visão de negócio orientada à ESG”.
Apesar do impasse, Carolina explica que as empresas que se pautam nesses princípios e com essas métricas globais como referência são percebidas pelo mercado com mais aderência. “Mesmo sem cerificação elas acabam auferindo um valor maior de mercado”.
Essas vantagens de mercado são comprovadas em algumas pesquisas. “Quando você olha estudos geracionais, percebe que gerações mais jovens estão cada vez mais engajadas com essa temática de impacto e responsabilidade dos negócios”, explica Carolina.
Para a especialista, vivemos em um momento de uma somatória de geração e mais um salto de consciência social. “O momento em que vivemos e essa fragilidade econômica social têm trazido uma mobilização moral que faz com que a sociedade fique muito mais sensível e crítica sobre de que forma esse fluxo de recursos vai afetar as pessoas.